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ESPAÇO AAPAH – Marco zero de Guarulhos, memória e significância

A marcação de locais de significância ou referência para o homem não é algo hodierno, já que não são poucos os vestígios materiais e imateriais deste hábito em diversas culturas.
 
Como prova desta prática, existem os exemplos das pré-históricas – pinturas rupestres feitas pelo homem em cavernas, os empilhamentos e esculpimentos em pedras feito pelas civilizações indígenas para demarcarem lugares sagrados, até chegarmos às técnicas utilizadas no mundo contemporâneo na intenção de demarcar um local. 
 
É possível ainda encontrar referências escritas em diversos livros, entre eles a Bíblia que conta o êxodo do povo hebreu e que, em várias vezes cita pedras sendo erigidas para memória de acontecimentos.
 
Além do valor da memória, as marcações também assumem o papel de informar e referenciar geograficamente pontos. De acordo com relatos da história, a engenharia romana teve grande influência para a criação das estradas, que em primeiro momento não tinha a intenção de uso para transporte, mas sim para fluidez da comunicação. Por este advento, Roma é considerada um dos exemplos mais expressivos de marco zero, já que ocupava a figura de medição entre as cidades circunvizinhas e popularizou o seguinte jargão por esta representatividade: “Todos os caminhos levam a Roma”.
 
Mas afinal de contas, o que é marco zero?
 
Podemos definir que marco zero é a tentativa de uma centralidade material da cidade, identificando em sua maioria o local de fundação da mesma e representando o centro geográfico, tornando-se ponto inicial da numeração das vias públicas e rodovias, além da medição de distâncias das adjacentes e cidades circunvizinhas.
 
Em Guarulhos, o marco zero está em frente a Catedral Nossa Senhora da Conceição, conhecida popularmente como Igreja Matriz e construída possivelmente em 1685, localiza na Praça Teresa Cristina, número 1 – Centro. Esta localização é adotada como ponto de partida para a numeração das demais ruas da cidade.
 
O marco zero atual foi inaugurado em 08 de Dezembro de 2004 nas comemorações do aniversário de 444 anos da cidade de Guarulhos, na gestão do Prefeito Elói Pietá.
 
Infelizmente, o marco zero é alvo de constantes depredações e atos de vandalismo, mostrando o comportamento de descaso a um dos símbolos do patrimônio histórico de Guarulhos.
 
No último dia 18 de Setembro, o marco zero foi retirado da frente da matriz em virtude da manutenção do pavimento do calçadão da Rua Dom Pedro iniciada no dia 17/09, na retirada dos bancos quebrados, foi observado que as placas do marco zero estavam soltas e que poderiam causar algum acidente com pedestres ou mesmo serem furtadas, segundo pronunciamento da Secretaria de Obras de Guarulhos após questionamento da AAPAH via redes sociais.
 
Aguardemos então o retorno deste símbolo de tamanha significância para a memória de Guarulhos. 
 
Cristiano é arquiteto, diretor geral da AAPAH.
 

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