Legenda: Bairro do Itapegica. Acervo: Adilson Penido/Massami Kishi. Ano: 1958
O Itapegica é um dos bairros mais antigos de Guarulhos. Além do significado indígena (Ita=Pedra – Gica=Grande), o bairro esteve associado ao processo de desenvolvimento industrial da cidade. Sobre a tal pedra, alguns moradores fazem menção a muitas outras pedras que existiam na região.
A localização do bairro incrustado entre as duas rodovias, Dutra e Fernão Dias, foi ideal para implantar-se a indústria no território.
Foi nesta região que em 1919, Guiseppe Saraceni e família se instalaram próximo a avenida Guarulhos, caminho para o bairro da Penha. No porão deste casarão, funcionou a primeira indústria de sapatos e artefatos de couro que fornecia para o Segundo Batalhão de Guardas de São Paulo que ficava localizado no centro da capital paulista.
Durante muito tempo, pertencente à arquitetura do bairro, o casarão compunha juntamente com as casas dos trabalhadores da fábrica, um importante conjunto urbano operário. Não foi a toa que a casa seria tombada em 2000, depois de pertencer a Olivetti. Abandonada pelo proprietário e pelo poder público, o casarão seria destombado em 2010, quando a cidade completava 450 anos.
Voltando um pouco para trás, foi na década de 1950 que chegaram outras indústrias como a Serralheria Pompeo e a empresa Cindumel. Mas seria a Indústria de Máquinas de Escrever Olivetti e a Phillips do Brasil que marcariam para sempre presença na memória espacial e afetiva dos moradores do Itapegica. Inclusive na imagem escolhida para ilustrar este texto, indicamos a construção das duas fábricas na região no alto da foto, tendo a rodovia Dutra como divisora. Isto no ano de 1958.
Além de serem multinacionais, estas empresas vão ser responsáveis pela construção dos primeiros complexos industriais de Guarulhos. Contando com uma parte de moradores de Guarulhos e sob uma direção que convidava os funcionários a aderirem à empresa quase como uma família, as duas empresas abririam o processo intenso de desenvolvimento industrial pelo qual a cidade passaria a partir da década de 1960.
[1][1]Historiador, responsável pelo Núcleo de Patrimônio Cultural da AAPAH, coautor dos livros “Cecap Guarulhos – Histórias, Identidades e Memórias”, “Guia Histórico Cultural de Logradouros – Lugares e Memórias de Guarulhos” e “Signos e Significados em Guarulhos – Identidade – Urbanização – Exclusão”.