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ESPAÇO AAPAH – Sanatório Padre Bento foi pioneiro no tratamento da hanseníase

Legenda: Aplicação de óleo de chaulmoogra. Cena do filme “Onde a Esperança Mora”. Ano: 1948.
 
Os primeiros estudos com resultados satisfatórios foram realizados nos Estados Unidos, ainda no início dos anos de 1940. Apenas alguns anos depois, o Dr. Lauro de Souza Lima introduziu as sulfonas no Brasil, iniciando os testes no Sanatório Padre Bento, instituição a qual dirigia e, mais uma vez, a referência dentro do “modelo paulista”.
 
Antes mesmo da chegada do medicamento ao Brasil, o Dr. Lauro já se mostrava atento aos estudos com a sulfona, conhecida pela marca Promin.
 
No artigo publicado na Revista Boletim Padre Bento, em julho de 1944, o Dr. Lauro de Souza Lima elogia a iniciativa da redação em traduzir e publicar um estudo do medico americano, Dr. Guy Faget sobre o Promin, um antibiótico sulfônico. O artigo foi publicado no mesmo número da revista do tal comentário do Dr. Lauro, o que denota uma consulta prévia ou até mesmo uma sugestão do mesmo para que isso ocorrese.
 
As notícias sobre os resultados dos testes já se espalhava entre os doentes e os médicos, gerando um grande otimismo, uma sensação de euforia naqueles que por tantos anos buscavam alguma esperança, uma bóia salva-vidas para se agarrar.
 
Dr. Lauro, conhecido por sua dedicação ao trabalho, mas também pela maneira humana que exercia a medicina, desenvolvendo com seus pacientes uma relação fraternal, demonstrou uma grande preocupação com o excesso de otimismo, e uma possível grande decepção gerada por ele, caso o Promin falhasse enquanto cura. Fez questão de alertar os internos quanto a isso em seu artigo, e publicá-lo na mesma edição da revista que publicara os estudos do médico americano.
 
Fez ressalvas e ponderações aos resultados apresentados na pesquisa, alertou sobre possíveis riscos no tratamento, porém, terminou seu artigo de maneira esperançosa, demonstrando certa crença na possibilidade de cura. 
 
As expectativas do Dr. Lauro de Souza Lima se confirmaram, junto com os resultados apresentados por Faget. Com isso, Dr. Lauro foi o pioneiro na introdução do tratamento sulfônico no Brasil, trazendo-o para São Paulo e para o Sanatório Padre Bento, em 1946, logo após retornar de um congresso na França.
 
Os resultados no Brasil foram satisfatórios e o número de curas crescia em ritmo considerável. Em 1952, apenas 6 anos após a introdução das sulfonas no Brasil, mais especificamente em São Paulo, a extinta Revista Tópicos já estampava, de maneira estupefata e comemorativa, o número de 7.923 curas, junto com fotos dos leprosários paulistas, corroborando com a ideia de São Paulo como modelo a ser seguido pelo Brasil.
 
[1] Mestrando em História, coautor do livro “Signo e Significados em Guarulhos: identidade, urbanização e exclusão”.
 

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