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ESPAÇO AAPAH – Time leva nome de Guarulhos para todo Estado

A Associação Amigos do Patrimônio e Arquivo Histórico, dando continuidade em sua pesquisa sobre futebol e identidade, realizou neste mês de agosto, dentro do Ponto de Cultura AAPAH – Memória, Cidadania e Patrimônio, o evento chamado “Roda de História”, cujo objetivo é agrupar pessoas que viveram em pele e osso determinado fato para falar sobre ele, a partir de seus sentimentos e sua memória.  
 
Dentro da perspectiva do patrimônio imaterial, a AAPAH entende que o futebol é parte da identidade brasileira, sendo os times um reflexo disso, onde a paixão e a emoção ultrapassam o mero entretenimento e tornam-se parte essencial do que é ser brasileiro. Democrático como é, não vê cor, credo, etnia ou religião. No campo, vence o melhor. A bola é o juiz supremo. 
 
Nesta toada, sendo o futebol também cultura e arte (Por que não?), promovemos mais uma bela resenha, desta vez, sobre a Associação Desportiva Guarulhos. 
 
O AD, como também é conhecido, é um dos principais clubes da cidade, tendo se destacado desde a década de 80, ainda como AD Vila das Palmeiras, em referencia ao bairro onde surgiu e ainda mantém sua sede, curiosamente, ainda o mesmo bar onde seus membros e fãs se reuniam há tempos atrás.
 
Diversos times da cidade carregavam o nome de onde vinham, como União Tietê, da Ponte Grande, às margens do rio homônimo, União Vila Augusta, E.C. Vila Galvão, A.A. Macedo e Padre Bento E.C, este surgido dentro do antigo sanatório.
 
 O A.D. Guarulhos apareceu como Vila das Palmeiras, por vir deste bairro, próximo à região central, e embora tenha crescido e se tornado uma das grandes potencias do futebol paulista e até assumido o nome e as cores de Guarulhos em sua camisa, ainda deita raiz na Vila das Palmeiras, sendo a sede um fechado bar na Rua Castro Alves, que mal se nota ao passar em frente, o Bar do Kurão. 
Um clube profissional que disputa o campeonato paulista, mas ainda mantém alma varzeana. 
 
Apesar de ostentar o nome de Guarulhos, não extrapolou seu bairro de origem, como um C.A. Juventus, por exemplo, que se tornou o clube mais querido dos paulistanos, mesmo havendo lá alguns dos maiores clubes do mundo, como S.C Corinthians, São Paulo F.C e S.E Palmeiras.
 
O evento foi mediado pelo poeta e escritor Diogo Carvalho e Adriano Silva, e filmado por Bruno Leite, todos da AAPAH.
O AD Guarulhos possui 50 anos de uma histórica muito rica de conquistas e glórias que será contada em filme a ser lançado em breve. 
Importantes atores nesta trajetória compareceram para contar suas impressões e historias, como Fabio Pelissoni, vice-presidente do AD Guarulhos, Regis Tranches, Nadia Santos, Raphael Vieira, Allan Alves e Eduardo Freitas, da Torcida Uniformizada “Força Jovem”, torcedores do Índio da Metropolitana, que lutam cotidianamente para manter viva a chama do AD. 
 
São pessoas apaixonadas pelo clube e não medem esforço em acompanhá-lo onde for, muitas vezes enfrentando um clima hostil em estádios adversários. 
 
Uma faixa da Força Jovem chama atenção. Nela está escrito “MAROMOMI”, que segundo Regis, é uma homenagem ao povo indígena que habitava a região de Guarulhos, antes da chegada do europeu. Este fato, somado ao apelido do time, Índio da Metropolitana, é um forte indicativo identitário de Guarulhos. Mesmo a história oficial utilizando a simbologia branca e europeia, os torcedores reafirmam como seu mais forte símbolo, o brasileiro nativo, não o europeu dominador. 
 
O bate-papo foi bem descontraído, sendo lembradas muitas historias que demonstram porque o futebol é paixão nacional. Ou alguém assumiria estragar o motor do carro por outro motivo? 
 
Falou-se muito sobre a história do Índio da Metropolitana, a atual situação do futebol guarulhense, elitização do futebol, dentre outros assuntos correlatos.
 
A AAPAH organizará mais Rodas de História, com outros times que foram e são importantes no cenário futebolístico da cidade de Guarulhos, a fim de resgatar um cenário que já orgulhou muito seus habitantes. 
 
*Adriano é advogado, especialista em Direito do Entretenimento, Patrimônio Histórico e Cultura. É diretor geral da  AAPAH, membro da Comissão de Direitos Culturais e Economia Criativa e do Jovem Advogado, da OAB/SP, e pai do Ariel.
 

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