Após o fechamento do complexo do Sanatório Padre Bento e a cura da Hanseníase, os internos foram recebendo alta e recebendo tratamento em suas residências que ficavam nas redondezas do Sanatório. No complexo tinha igreja, campo de futebol, teatro e a caixa beneficente, tempos depois aconteceu a abertura de ruas para o público.
Na época existia a Vila Allan Kardec (hoje jardim tranquilidade), as ruas eram compostas com nomes de médiuns espíritas, conforme as informações que estão em uma planta de loteamento com data de 1947. As ruas eram trilhas em meio à um charco, outras eram um poeirão que alguns moradores extraíam lenha para vender.
Os primeiros terrenos foram vendidos com muita dificuldade os compradores tinham superstição devido ao nome da vila, a proximidade com o sanatório causava medo de algum contágio. A data mais antiga sobre algum residente é de 1941, a moradora conhecida como Dona Madalena, filha de Galdino Cândido da Cunha vindos de Santa Isabel, adquiriram o terreno em 1928 e só construíram em 1941.
A propriedade ficava localizada no começo da Av.São Paulo, foi comprada do deputado federal João Martins de Melo Jr. Apesar da Av.São Paulo pertencer ao bairro Jardim Cidade Brasil, ela está inclusa no termo usado como região do Jardim Tranquilidade.
Outro morador antigo era Jurandir Fernandes, nos relatos desse morador antes de 1942 existia uma porteira na fazenda de eucaliptos que ficava na Av. Emílio Ribas na altura que atualmente fica a padaria Estrela. Em meados de 1947, existiam algumas moradias: a de Maria Batista Rodrigues conhecida como Dona Maria baiana que ficava na rua Gabriel Delane, Dona Maria baiana ajudava os novos moradores servindo lanches, na esquina com a rua Lombroso com a Jacob morava o Sr.Marinho, porteiro do Sanatório, Sr. Galvão também porteiro morava na Dona Dica.
No fim de 1949, a Tranquilidade – Companhia Imobiliária, sediada em São Paulo remarcou lotes de terrenos, alterando o nome do loteamento de Vila Allan Kardec para Jardim Tranquilidade, os compradores pagavam por um terreno de 10×30 metros, prestações mensais de Cr$352,00 durante 10 anos, ou seja 120 prestações fixas, pois não existia correção monetária, as prestações que eram pagas com atraso tinham um acréscimo de 1% ao mês.
A Imobiliária fornecia para os compradores alguns materiais para a construção de suas casas,10.000 tijolos, 600 telhas, duas portas e duas janelas, essa ajuda alavancou as vendas, os compradores podiam começar a construir as suas casas assim que adquirissem o terreno.
Uma das primeiras coisas a serem feitas no terreno era cavar a fossa negra e o poço, o poço ficava no fundo do quintal, esse serviço era feito pelos poceiros, os primeiros poceiros do bairro foram Miguel Molina, Otávio Vilaça e Pedro Manuel, o último citado morava na rua Jacob, alguns pedreiros que ajudaram a construírem as primeiras casas também ficaram bastante conhecidos no bairro: Narciso, Sudário e Miguel Molina que também era poceiro e Otávio Alípio que foi um dos primeiros moradores da rua Cabo Antônio. Já na década de 1950, o bairro já recebia moradores e contava inicialmente com três ruas principais Batuíra (atual Cabo Antônio), Jacob e Dona Dica.
Diogo Leite de Carvalho é um dos fundadores da AAPAH, autor de dois livros Gritos Poéticos e Poesias Cotidianas, estudante de história na faculdades integradas de Ciências Saúde e Educação de Guarulhos.
Bibliografia: Jardim Tranquilidade um bairro e suas lembranças (Maria Tereza Avelino Testone)