Está marcada para este início de setembro,
Não é apenas
Os médicos querem ainda a recomposição das perdas dos honorários dos últimos anos. A remuneração praticada por operadoras de saúde são vergonhosas, provocando, por conseqüência, queda da qualidade na assistência. Uma consulta hoje está na média de apenas R$ 25. Um parto está na casa dos R$ 200, ou seja, uma afronta se pensarmos que nessa hora o especialista tem em suas mãos duas vidas preciosas: a da mãe e a da criança que está para nascer. Tamanho é o disparate que um fotógrafo de preço razoável cobra cinco vezes mais para registrar o parto.
As incongruências e as incoerências da saúde suplementar geram distorções recorrentes e perigosas. Ganhando mal, o médico é obrigado a acumular dois, três, quatro ou mais empregos. Alguns trabalham 50, 60, 70 ou mais horas semanais, o que vai contra a capacidade de qualquer ser humano. Assim, a medicina é exercida no limite da insegurança.
Faz tempo que médicos e pacientes exigem medidas rigorosas para coibir tais abusos. As operadoras são recordistas de reclamações em órgãos de defesa do consumidor e ninguém faz nada. Os hospitais também denunciam pressões e calotes dessas empresas. Os médicos sofrem com a remuneração vil e as interferências, e a situação permanece inalterada.
É por conta dessa omissão que médicos foram praticamente obrigados a recorrer a um movimento público de alerta. A população será preservada, pois o atendimento de urgência e emergência está garantido. As consultas e demais procedimentos serão remarcados, conforme orientação das entidades.
A possibilidade de caos no setor, entretanto, exige rigor por parte das autoridades competentes. A saúde suplementar não pode continuar sendo terra de ninguém. Médicos e pacientes exigem respeito já.
Antonio Carlos Lopes
Médico e presidente da Sociedade Brasileira de Clínica Médica