Com tecnologia produzida no próprio país e um orçamento impressionantemente baixo, de cerca de US$ 75 milhões, a Índia pode se tornar a primeira nação a conduzir uma missão a Marte com sucesso em sua primeira tentativa. Se a Missão Orbital Marciana, apelidada de MOM, conseguir se fixar na órbita do planeta na manhã desta quarta-feira, como previsto, os indianos se juntarão aos Estados Unidos, à Europa e à antiga União Soviética no clube de elite dos exploradores de Marte.
As próximas horas serão cruciais, enquanto a Organização Indiana de Pesquisa Espacial comanda uma série de manobras para posicionar a espaçonave na órbita projetada em volta do planeta. “Nós temos que nos sobressair”, disse o chefe da agencia, K. Radhakrishnan, acrescentando que a missão iria “definir a capacidade indiana de orbitar uma nave no entorno de Marte”.
Se a Índia tiver sucesso na operação, a manobra representaria uma importante proeza para o país de 1,2 bilhão de pessoas, cuja maioria da população é pobre. Ao mesmo tempo, os indianos possuem um sistema científico e de educação técnica que produziu milhões de programadores, engenheiros e médicos.
Essa também seria a primeira vez que uma missão a Marte é realizada com sucesso na primeira tentativa. Mais da metade das operações anteriores para chegar ao planeta – 23 das 41 missões organizadas pelos mais diversos países do mundo – falharam, incluindo os esforços do Japão em 1999 e da China em 2011.
Os cientistas ficaram exuberantes após o módulo chegar à esfera externa da força gravitacional marciana na segunda-feira, quando o principal motor a líquido da espaçonave foi religado com sucesso após 300 dias de inatividade. O satélite viajou 666 milhões de quilômetros desde que saiu da atmosfera terrestre, no dia primeiro de dezembro.
“A nave está saudável. Completou 98% de sua jornada a Marte”, comemorou Radhakrishnan. A agência espacial indiana confirmou que a MOM realizou uma “queima de combustível de 4 segundos, como planejado”, movimento que ajustou sua trajetória.
O primeiro-ministro da Índia, Narendra Modi, deve se unir aos cientistas no centro de comando da agência em Bangalore, nesta quarta-feira, para monitorar a inserção final do satélite na órbita do planeta. Para o governo indiano, a espaçonave tem como objetivo principal mostrar as habilidades espaciais de alta tecnologia do país.
As metas científicas da operação incluem usar cinco instrumentos solares para coletar informações que ajudem a determinar como funciona o sistema climático marciano e o que ocorreu com a água que, acredita-se, já existiu em grandes quantidades no planeta. O satélite também vai vasculhar a atmosfera de Marte para tentar encontrar Metano, um dos principais químicos responsáveis pelo processo de criação da vida na Terra. Fonte: Associated Press.