Investigadores espanhóis suspeitam que o acordo milionário entre o Barcelona e o Catar para publicidade nas camisas do clube catalão também fez parte da trama de relações entre o ex-presidente da CBF, Ricardo Teixeira, e o cartola Sandro Rosell.
O dirigente catalão foi preso há dez dias, acusando de montar um “grupo criminoso” com o objetivo de lavar mais de 15 milhões de euros (mais de R$ 54 milhões). O dinheiro viria de contratos com a CBF e o desvio da renda de jogos da seleção brasileira.
Segundo o jornal espanhol El Confidencial, uma das linhas de investigação agora se refere ao papel de Rosell em fechar um acordo histórico com a Qatar Foundation e que se transformou no primeiro patrocínio do Barcelona, um time que até então havia mantido sua camisa sem marcas. O acordo foi assinado em 2010.
O Estado confirmou que a apuração está centrada em possíveis comissões ilegais que o dirigente tenha recebido para fechar esse contrato. A suspeita é de que a mesma empresa que administrava os jogos amistosos da seleção brasileiras, a ISE, tenha tido um papel nessa relação com o Catar. A empresa é a mesma que manteve por anos uma aliança com Ricardo Teixeira. Parte do dinheiro pode ter ido justamente para o dirigente.
O acordo ainda foi fechado próximo à data da escolha do Catar como sede da Copa do Mundo de 2022. Naquele momento, Teixeira declarou abertamente que votou no país árabe.
O que se investiga também agora é se houve alguma contrapartida entre o voto do brasileiro no Catar e o acordo multimilionário entre seu principal sócio – Rosell – e fundos do país árabe.
Rosell, ao explicar o contrato com o Catar, disse que a publicidade era apenas com uma ONG sem fins lucrativos e que, para isso, dariam ao clube mais de 160 milhões de euros (R$ 584 milhões). Seis anos depois, a Qatar Foundation foi trocada por uma outra empresa do país árabe, a Qatar Airways.