A torneira que recebe água da rua aberta e sem sair nenhuma gota. Essa é uma realidade dos guarulhenses por causa do sistema de rodízio de água adotado nos bairros. Segundo o Serviço Autônomo de Água e Esgoto (Saae), o déficit de água em Guarulhos é de cerca de 20%. Isso significa que um em cada cinco habitantes não teria água sem o controle do consumo pelo poder público.
Nos últimos anos houve um grande crescimento do consumo de água. Em 2006, a cidade gastava 3.843 litros por segundo, número que subiu para 4.101 l/s no ano passado. A previsão do Saae para este ano é que a demanda cresça para 4.972 l/s, um aumento de 21% em relação ao registrado em 2010.
A vinda de novos empreendimentos à cidade, principalmente condomínios, exigem o aumento da demanda de água. Prova disso é que nos últimos cinco anos houve crescimento no número de declaração de exigências técnicas para novas construções. Foram 162 no ano passado contra 56 em 2006. Os bairros da periferia tiveram um aumento do consumo desde 2006. Das oito regiões divididas pelo Saae para o abastecimento de água, as cinco afastadas do Centro e que possuem poucas indústrias apresentaram elevação no consumo: Cocaia, Pimentas, Bonsucesso, Cabuçu e São João. Além das novas construções, a saturação dos poços artesianos pode complicar ainda mais a escassez de água a longo prazo. O geólogo Marcio Roberto de Andrade, da Universidade Guarulhos (UNG), diz que há muitos poços artesianos clandestinos, principalmente em Cumbica, que são prejudicados pela urbanização e a crescente subtração de água. "Até 2040, os aqüíferos não terão mais viabilidade", diz.
Desperdício – Apesar da elevada demanda, um problema grave enfrentado na cidade é o desperdício ocasionado por ligações clandestinas e vazamentos na rede. Segundo o fundador do Saae e especialista em hidrologia, Plínio Tomaz, a perda de água é por volta de 30%. "A estimativa é que metade seja vazamento e o restante de perdas não faturadas, como favelas e subhabitações". O Saae pretende lançar balanço hídrico até o final do ano para identificar os locais onde ocorram as perdas. Para Tomaz, o resultado concreto da diminuição do desperdício somente será percebido no prazo de uma década.
Investimentos melhoram o sistema
O Serviço Autônomo de Água e Esgoto (Saae) afirma que de janeiro de 2001 a março de 2011 foram executados 388,19 quilômetros de redes e adutoras e 94.299 ligações de água. Desde 2007 são investidos recursos do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), do Governo Federal, em obras e serviços para otimizar o sistema de distribuição de água e em estudos para analisar a viabilidade de utilização de novos mananciais para abastecimento do município.
O Saae diz que solicitou à Sabesp o aumento da vazão de água a ser comprada, mas teve os pedidos negados.
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