Literalmente o sonho de participar pela primeira vez da elite do futebol paulista bateu na trave. Depois de conquistar o título da Série A3 do Campeonato Paulista em 2008, o Flamengo esteve muito próximo de representar a cidade de Guarulhos na maior divisão do futebol estadual em 2010. No entanto, para realizar este sonho, dirigentes do Corvo e AD Guarulhos, as duas equipes profissionais do segundo maior município do Estado, entende que isso somente será possível se houver maior participação do Poder Público.
Nem mesmo as favoráveis condições geopolíticas que colocam o município entre os principais do Estado de São Paulo e também do País, já que o possui o oitavo maior PIB (Produto Interno Bruto) são capazes de proporcionar o sucesso político nas mais diversas modalidades esportivas da cidade, inclusive o futebol. Que atualmente conta com o Flamengo, fundado em 1960 e que disputa a Série A3 do Campeonato Paulista e a AD Guarulhos, fundada em 1964. Historicamente houve apenas dois confrontos entre eles pelo Campeonato Paulista Sub-17 de 2010 com uma vitória para cada lado.
Diante deste cenário, mesmo rivais nas quatro linhas, tanto Edson David, ex-presidente do Flamengo, quanto Ricardo Agea concordam que é necessária a participação das autoridades municipais nas políticas esportivas para que possam fortalecer o esporte, em geral, praticado na cidade de Guarulhos, segundo maior município do Estado.
“Acho que eu anda vou ver um time da cidade, e nem vou dizer que seja o Flamengo, mas é o time mais estruturado da cidade. Você tem que ter o dedo político da cidade e ajudar em alguma coisa. Eu tive um grande respaldo nessa parte, tanto do Paschoal Thomeo quanto do Vicentino Papotto, que gostavam do esporte, e Guarulhos era conhecida como a capital nacional do esporte amador. Mas infelizmente, hoje, o esporte está jogado em último plano na Administração”, explicou.
Sonhador, David também acredita que Guarulhos possa atingir o ápice de disputar pela primeira vez a elite do futebol paulista, e aposta na estrutura do Flamengo para representar o município. “Este sonho já bateu na trave, inclusive comigo na presidência em 2009. A gente estava ganhando de 1 a 0 do Monte Azul, na ocasião, e na volta do intervalo deu tudo errado. O Jorge Miguel (goleiro) saiu mau em uma bola, o zagueiro dá um chute errado e ainda o Fabrício, que hoje está no Internacional, acaba com o jogo”, lamentou o ex-mandatário da Associação Atlética Flamengo, Edson David.
Responsável direto pela parceria formalizada com o Corinthians nos últimos meses de 2010, Edson revelou que este acordo manteve o Corvo vivo, e caso contrário teria de fechar as portas. “Se não fosse esse convênio com o Corinthians, que muita gente crítica, acho que o Flamengo teria parado. Um time profissional custa muito e não tínhamos um palito da Administração Pública. Os caras não ajudam em nada”, criticou.
Já o superintendente de futebol amador do Corinthians, Marcelo Rospide, enalteceu a parceria com o clube guarulhense, além de destacar a estrutura disponível para abrigar os atletas do time da Capital. “Hoje nós temos uma dificuldades em infraestrutura, principalmente pelo projeto do nosso CT, que está em andamento. Então essa é a principal importância da nossa parceria com o Flamengo, que nós contamos com uma estrutura para comportar a nossa base”, disse Rospide.
O dirigente da equipe de Parque São Jorge também ressaltou a importância do acordo entre os clubes para proporcionar maior experiências aos jovens atletas em competições profissionais. “O aproveitamento no Flamengo não é só o de projetar jogadores à nível profissional, que nos ajuda com isso na Série A3, mas de usar como laboratório de fomento para jogadores que ainda não têm experiência”.
Contudo, Ricardo Agea, presidente da AD Guarulhos, equipe que disputa a quarta divisão do futebol paulista, acredita que para chegar na Série A1 do Campeonato Paulista, os clubes da cidade precisam que a sociedade civil, política e empresarial queiram participar de forma efetiva e colaborar neste processo.
“É um sonho de todos! Mas nós precisamos que mais pessoas pudessem sonhar também. Este é um sonho que não se pode sonhar sozinho. Precisa o prefeito, os empresários da cidade, a imprensa, enfim. Está faltando alguém sonhar. Precisa de apoio real”, declarou o dirigente do Índio guarulhense.
Agea enfatizou que para alcançar esta meta é necessário que esta agremiação possa ter um significativo aporte financeira, inclusive para sua manutenção. “Sem grana não chega na primeira divisão. Não tem amor no futebol. O problema não é o público, mas sim a possibilidade de ter um time competitivo. Acredito que nestas condições possamos colocar em um jogo cerca de 5 mil pagantes, algo que Guarani e nem Portuguesa não conseguem”, encerrou.



