Cidades

Especulação imobiliária ameaça Serra da Cantareira

Em Guarulhos, agraciada com a Serra da Cantareira, menos de 30% da área original da Mata Atlântica foi preservada

A Mata Atlântica abrange cerca de 15% do território nacional, em 17 estados. Hoje, porém, restam apenas 12,4% da floresta que existia originalmente. Em Guarulhos, agraciada com a Serra da Cantareira, menos de 30% da área original foi preservada.

Embora o maior vilão do desmatamento em São Paulo não seja o agronegócio, como acontece na Amazônia e em outros estados brasileiros, ao todo, foram desflorestados entre 2018-2019 um total de 14.502 hectares de Mata Atlântica no país, crescimento de 27,2% comparado com o período anterior (2017-2018), que foi de 11.399 hectares. As informações são do Atlas da Mata Atlântica, iniciativa da Fundação SOS Mata Atlântica e do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) realizada desde 1989. Os dois registros anteriores eram de quedas nos índices.

O GuarulhosWeb procurou o membro do Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama) e presidente do Instituto Brasileiro de Proteção Ambiental (Proam), o ambientalista Carlos Bocuhy aponta a especulação imobiliária como a maior vilã para a destruição de nossas florestas. “São Paulo não tem sido um bom exemplo. Não conta com o vilão acentuado do agronegócio, como nas fronteiras agrícolas da região amazônica, mas há outros vetores de degradação perfeitamente identificáveis, especialmente o da especulação imobiliária”, afirmou Bocuhy.

Um dos remanescentes da Mata Atlântica em São Paulo fica em Guarulhos, o Parque Estadual da Cantareira, no Cabuçu que possui uma cerca de 7.900 hectares, a terceira maior área verde urbana do país. O clube do Sindicato dos Metalúrgicos, no Primavera, ainda preserva quatro alqueires de floresta nativa e intocada. “A proteção da Mata Atlântica em Guarulhos migra de acordo com a pressão dos mananciais de ocupação. Por exemplo, quando apertamos na Billings, a especulação migrou pra região da Cantareira e agora migrou novamente para a região da Guarapiranga”, continuou.

Bocuhy também apontou afrouxamentos no Estado que, sequer na Amazônia possuem. A falta de fiscalização, segundo ele, é um dos fatores que facilitam o desmatamento. “Do ponto de vista preventivo, é uma vergonha para o Estado de São Paulo ainda não contar com sistemas de detecção da degradação ambiental em tempo real, como ocorre na região amazônica, que é gigantesca e muitas vezes inacessível. Aqui não, temos uma situação privilegiadíssima no que diz respeito aos processos de fiscalização, por exemplo nas áreas de mananciais. O que vem ocorrendo é um processo histórico de omissão por parte dos setores de fiscalização responsáveis”, concluiu o ambientalista.

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