A expectativa da divulgação de nomes que irão compor os ministérios do presidente eleito de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e mais ainda de como o novo governo abarcará o Auxílio Brasil no teto de gastos norteia o Ibovespa nesta segunda-feira. Isso e a agenda pesada de indicadores, inclusive de inflação, e balanços na semana levam à instabilidade, com viés de baixa, do indicador da B3, cujo pregão passa a fechar hoje uma hora mais tarde.
Além desses fatores, o fato de o Ibovespa ter fechado em alta na sexta-feira, de 1,08%, aos 118.155,46 pontos, chama para algum ajuste.
Às 10h42, o índice caía 0,33%, aos 117.764,30 pontos, após abertura aos 118.148,47 pontos (-0,01%). Já os índices futuros de Nova York sobem, bem como as bolsas europeias.
A despeito do recuo do Ibovespa, Thiago Calestine, economista e sócio da DOM Investimentos, acredita em certa tranquilidade. "Acredito que teremos um mercado tranquilo aqui no Brasil e lá fora, com bolsas subindo e ativos de risco realizando um pouco das últimas altas. Também espero que a volatilidade média dos mercados caia", diz. Na semana passada, o índice acumulou ganhos de 3,16% e tem alta de cerca de 12% em 2022.
A queda em torno de 0,50% do petróleo no exterior, a ação popular pedindo bloqueio do pagamento de dividendos antecipados pela Petrobras à União e um novo rebaixamento da estatal empurram os papíes da empresa para o território negativo. Hoje, a Ativa rebaixou a recomendação de Petrobras de compra para neutro e cortou o preço-alvo para a ação preferencial de R$ 46 para R$ 35, o que representa um potencial de alta de 23,7% ante o último fechamento. As ações da companhia cediam cerca de 2% por volta de 10h40..
Em contrapartida, a valorização das bolsas internacionais e de pouco mais de 2% no preço do minério de ferro em Dalian, na China, limitam o recuo do Ibovespa. As ações da Vale subiam 0,30% no horário citado acima, após elevação perto de 1% mais cedo. Os investidores avaliam dados fracos da China e a reafirmação de Pequim de que seguirá atuando para conter a covid-19.
"Saíram dados positivos na Alemanha e negativos na China queda nas exportações e reafirmação da política de covid zero e três diretores do Fed falam hoje. Tem o BCE Banco Central Europeu indicando mais altas dos juros. Portanto, o tema de juros ainda segue no radar, o que deve reforçar a instabilidade", descreve em comentário matinal o economista-chefe do BV, Roberto Padovani.
Na sexta-feira, quando o Ibovespa fechou aos 118.155,46 pontos, testou a máxima intradiáriados 120.039,37 pontos. "Aqui, seria importante mirarmos os 121 mil pontos quando consolidaria o processo de recuperação", diz o economista Álvaro Bandeira. Contudo, o também consultor de Finanças pondera que a semana é intensa de agenda e com grande potencial de mexer com os mercados. "A expectativa é de muita volatilidade ao longo do período principalmente nos mercados de risco aqui e no exterior", completa.
Amanhã nos Estados Unidos, por exemplo, Bandeira cita a eleição que renovará toda a Câmara do país. Porém, o dado mais aguardado é o CPI, índice de inflação ao consumidor norte-americano, que sai na sexta, que ajudará nas estimativas para o Fed.
Como reforça o estrategista-chefe do Grupo Laatus, Jefferson Laatus, a volatilidade deve guiar o índice Bovespa, por ora, até que se tenha alguma novidade, especialmente no âmbito da nova gestão a partir de 2023.
"O mercado está esperando alguma novidade em relação ao novo governo transição, composição de ministérios, principalmente quanto a um novo aumento do teto de gastos para acomodar o Auxílio Brasil. Lá fora, está meio neutro também. O mercado espera o CPI", avalia Laatus.