Dois jogadores envolvidos no esquema de apostas serão julgados nesta segunda-feira, sendo os primeiros a enfrentarem consequências jurídicas desde que o caso veio à tona. Jarro Pedroso, do Inter de Santa Maria, e Nikolas Farias, sem clube no momento, estarão frente a frente com o Tribunal de Justiça Desportiva do Rio Grande do Sul (TJD-RS).
Ambos fizeram primeiramente um acordo com o Ministério Público de Goiás, que iniciou as investigações, para que não fossem réus na Operação Penalidade Máxima. Eles serão julgados nesta segunda porque disputaram o Campeonato Gaúcho deste ano.
Segundo as próprias confissões dos atletas, Pedroso teria aceitado um pagamento de R$ 30 mil – sendo R$ 70 mil prometidos a ele primeiramente – para que cometesse um pênalti contra o Caxias na época em que atuava pelo São Luiz. Já Farias recebeu a oferta para fazer a mesma coisa pelo Novo Hamburgo diante do Esportivo-RS. Os dois cometeram as infrações. Caso sejam condenados pelo TJD-RS, pagarão multa de até R$ 100 mil e podem ser suspensos do futebol de um a dois anos.
Jarro alegou ter sido intimado pelos apostadores e, por isso, cometeu a penalidade. Segundo o jogador, os envolvidos fizeram ameaças não somente a ele próprio como também à sua família. "Me ligaram por vídeo e falaram que só faltava eu", disse, em entrevista ao jornal Zero Hora. "(Disseram que) Do mesmo jeito que chegaram em mim, poderiam chegar na minha família também. Eu me senti acuado, não tinha o que fazer. Tinha ainda que tomar um cartão, mas eu não tomei", completou, adicionando que devolveu o dinheiro recebido.
Já Nikolas, de acordo com as informações das investigações do MP-GO, tinha maior ligação com o esquema de manipulação. Ele não somente prometeu que iria fazer o pênalti como incluiria companheiros de time na fraude. "Vou entrar e um pênalti eu faço, alinha o resto", disse aos apostadores. "Primeiro lance meu na área é carriola". Após o jogo, ele ainda chegou a cobrar o pagamento.
Outros dois atletas fizeram o mesmo acordo que Pedroso e Farias. Foram eles: Moraes, ex-Juventude, e Kevin Lomónaco, do Red Bull Bragantino, que está em processo de rescisão de contrato. Isso só foi permitido pela confissão dos investigados. Baseado no artigo 28-A do Código de Processo Penal, caso o réu admita um crime não violento, de pena mínima inferior a quatro anos e sem ameaça grave de testemunha, ele pode buscar o acordo.
Os julgamentos desta segunda-feira não devem ser os únicos no cenário do esquema de apostas. Cada vez mais novos nomes surgem nos esquemas investigados pelo MP-GO, além de outras formas de manipulação, não limitando-se somente a cartões ou pênaltis, mas até a placares de jogos. Dependendo do caso e envolvimento de um atleta, pode até acarretar em prisão.