Estadão

Esquerda populista enfrenta voto anticrime no 2º turno do Equador

Luisa González, uma populista de esquerda, herdeira do ex-presidente Rafael Correa, e Daniel Noboa, um empresário que promete uma cruzada contra o crime organizado, foram os mais votados nas eleições presidenciais do Equador, no domingo, 20. As duas candidaturas opostas iniciaram nesta segunda, 21, a busca por apoios para o segundo turno, marcado para o dia 15 de outubro.

Ontem, Noboa afirmou que a única aliança que ele pretende ter é "com o povo" equatoriano e se mostrou confiante na vitória. "Vamos continuar agora mais juntos do que nunca. Merecemos um novo Equador", disse o empresário, de 35 anos, o candidato mais jovem na corrida eleitoral.

"Neste momento, temos um plano, um projeto, e se houver pessoas que se queiram se juntar a nós, serão bem-vindas", disse Noboa, antecipando que falará com Jan Topic, candidato que ficou em quarto lugar, um especialista em segurança, para ver o que pode contribuir para a reta final.

<b>Correísmo</b>

Em uma corrida marcada pela frustração dos eleitores com a crescente violência de gangues e de cartéis. González terminou à frente, com 33,5% dos votos. Noboa ficou em segundo, com 23,5% – faltando pouco mais de 3% dos votos a serem apurados.

Nada indica que economia e segurança deixarão de ser os temas da campanha no segundo turno, já que as cadeias e as gangues, juntamente com as máfias estrangeiras de narcotraficantes, desencadearam uma onda de violência nunca antes vista na história recente do Equador, levando as taxas de homicídio a níveis recordes e prejudicando a indústria do turismo.

As preocupações com o declínio da segurança pública aumentaram no início de agosto, quando o candidato presidencial Fernando Villavicencio foi assassinado durante a campanha em Quito – ele foi substituído pelo jornalista Christian Zurita, que ficou em terceiro, com 16,5% dos votos.

Para González, o assassinato de Villavicencio, um inimigo ferrenho de Correa, devido às denúncias de corrupção feitas ao longo da sua carreira jornalística, prejudicou a sua candidatura e a impediu de vencer no primeiro turno.

<b>Jovem</b>

"A estratégia de Noboa foi ser uma figura nova e jovem na política, se vender como o futuro", explicou o analista Alberto Acosta Burneo. "Noboa incluiu questões que vão muito além da segurança, e isso também agradou ao eleitorado, mas há um eleitorado que estava fixado na segurança."

Já Luisa usou a nostalgia dos tempos de Correa para ganhar votos, segundo Ingrid Rios, cientista política equatoriana. "A nostalgia dominou a campanha de González. No debate, seu discurso pareceu vazio, sem grandes novidades, e é este um dos fatores que enfraquecem a sua imagem," disse.

De acordo com ela, a grande dificuldade de Luisa será atrair votos dos indecisos e conquistar os céticos. "Após o assassinato de Villavicencio e do último debate, sua mensagem parou de ecoar com o público que busca soluções reais. O jogo político mudou."
As informações são do jornal <b>O Estado de S. Paulo.</b>

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