O médico Luiz Alexandre Essinger disse nesta sexta-feira, 22, que o alemão Markus Bernard Maria Müller, de 51 anos, não terá condições de prestar esclarecimentos tão cedo sobre a explosão ocorrida em seu apartamento em São Conrado, na zona sul do Rio, na segunda-feira passada. Segundo o diretor do Hospital Municipal Miguel Couto, para onde Müller foi levado por bombeiros após o acidente, o estado de saúde do alemão apresenta várias complicações.
“O organismo dele entrou em choque. Com um quadro desses, há riscos de insuficiência renal e infecções. É difícil prever quando ele irá se recuperar, mas ele tem chances de sobreviver”, disse Essinger. Depois de passar cerca de 24 horas no Miguel Couto, Müller foi transferido para o Hospital Estadual Pedro II. Até o início da noite, ele seguia em coma induzido e respirando com a ajuda de aparelhos.
Na a explosão, Müller teve 50% do corpo queimado, principalmente no rosto, pescoço, tórax e abdômen, além de sinais de chamuscamento nas vias aéreas e uma lesão pulmonar, causada possivelmente pela inalação de fumaça.
De acordo com Essinger, o alemão também apresentava seis a oito cortes longitudinais e cinco perfurações pequenas no tórax, do pescoço até a altura do umbigo, além de cortes paralelos e longitudinais na parte interna dos braços, da altura do cotovelo até o punho. “O que mais chama a atenção é o fato de serem cortes longitudinais e paralelos. Durante a cirurgia, não foi detectado nenhum fragmento de vidro ou reboco que indicasse que esses cortes foram provocados por estilhaços. Lembram feridas provocadas por uma arma branca ou por um objeto cortante”, afirmou o médico.
Segundo Essinger, Müller afirmou diversas vezes durante o atendimento que tinha sido atacado por um homem, que teria entrado no apartamento exigindo um relógio Rolex dourado e dinheiro. “Ele chegou acordado, muito agitado, o que é normal em situações de trauma, e repetiu diversas vezes: tem um homem querendo me matar”, disse.
Para o médico, há a possibilidade de o próprio Müller ter provocado os cortes e toda a história contada por ele ter sido um delírio. “Informamos à polícia que o paciente chegou contando essa história, mas jamais dissemos que era verdadeira. Cabe aos peritos avaliar o que realmente aconteceu.”