Cinco dias após um estabelecimento comercial na Rua Santa Ifigênia ser saqueado, o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) inaugurou nesta quinta-feira, 1º, a sede da Companhia de Força Tática do 7.º Batalhão Metropolitano da Polícia Militar, na Rua Vitória, região central de São Paulo. Durante o evento, o secretário da Segurança Pública do Estado, Guilherme Derrite, anunciou também a ampliação da Operação Delegada (de policiais que ganham remuneração extra ao trabalhar nos dias de folga em parceria com o poder municipal) para o período noturno, especificamente no centro.
A Rua Vitória é uma das 11 vias que receberam o fluxo da Cracolândia no ano passado, como mostrou levantamento feito pelo <b>Estadão</b>. Ao longo dos últimos meses, porém, o fluxo se concentra mais na Rua dos Protestantes, nos arredores da Estação da Luz. O investimento para o funcionamento da nova sede será de R$ 2,4 milhões ao longo do contrato de aluguel, planejado para cinco anos.
<b>Justificativa</b>
Conforme o major Rodrigo Vilardi, da Coordenadoria de Análise e Planejamento da Secretaria da Segurança Pública (SSP), adiantou ao <b>Estadão</b> na segunda-feira, 29, o local deve ter uma função estratégica para o trabalho da Polícia Militar. "Além de valorizar e dar uma qualidade maior de trabalho para os policiais, propicia também uma ocupação do centro, que é uma necessidade", disse.
As iniciativas de combate à criminalidade acontecem em um momento de forte repercussão das cenas de uma invasão e saque a uma loja de equipamentos de câmeras de segurança na Santa Ifigênia, no sábado. O empresário José Paulo Souza, de 64 anos, afirmou que vai fechar o estabelecimento após prejuízo de R$ 300 mil. Três suspeitos foram presos, de acordo com a Secretaria da Segurança Pública (SSP).
"A Força Tática vai ficar mais próxima do que a gente acredita ser importante para fazer as nossas operações de segurança pública. Policiamento ostensivo é fundamental e terá reforço nos pontos críticos, não vamos dar trégua ao crime", afirmou Tarcísio.
A Força Tática ocupava parte da sede do 7.º Batalhão Metropolitano da PM, na Avenida Angélica, em Higienópolis. Com a transferência, as imediações da Praça da República e dos Campos Elísios terão patrulhamento com mais 48 policiais e 16 veículos, sendo seis motocicletas. "O centro é prioridade na nossa gestão", declarou Derrite.
É a segunda instalação da PM inaugurada no centro da capital em menos de cinco meses. No segundo semestre de 2023, a região recebeu a nova sede da 2.ª Companhia do 7.º Batalhão Metropolitano, na Rua Dom José de Barros, no bairro da República.
<b>Noite</b>
Uma das principais reclamações dos comerciantes da região da Santa Ifigênia se refere à queda do policiamento no período noturno. "Durante o dia, é relativamente tranquilo, mas a situação é perigosa quando as lojas fecham. A sensação de insegurança é muito grande", afirmou o gerente Ricardo Aquino, que atua há 17 anos nessa região.
De acordo com o secretário Derrite, um reforço da Operação Delegada, com apoio da Prefeitura, vai atuar à noite a partir desta semana, exatamente na região onde o saque ocorreu na semana passada. Um outro estabelecimento, de celulares, havia sido alvo de uma ação semelhante, um arrastão, no ano passado. "É um aumento do efetivo, enquanto não termina a Operação Verão, o que vai trazer mais agentes para o centro", disse, ressaltando que com o fim das férias e após passar a folga prolongada de carnaval mais agentes estarão disponíveis para atuar em São Paulo.
<b>Reserva e lei</b>
Nas próximas semanas, a região terá, de acordo com o poder estadual, mais de 600 policiais nas ruas com o término da operação especial nos municípios do litoral. Paralelamente, o governo Tarcísio ainda pretende enviar para a Assembleia Legislativa um projeto que, uma vez aprovado, permitirá que policiais militares da reserva e temporários sejam utilizados em serviços administrativos.
O objetivo, com isso, é conseguir liberar policiais militares da ativa para que possam ser direcionados para atividade de policiamento. A contratação deve ocorrer por meio de edital. Ainda não há previsão de data exata de quando o projeto deve ser enviado ao Legislativo estadual, mas a expectativa é de que entre em vigor já neste ano.
<b>Balanço</b>
No ano passado, houve queda de roubos, mas os furtos cresceram no Estado, com destaque para a atuação de gangues de bicicleta e saques a estabelecimentos comerciais. A violência no centro de São Paulo é apontada por especialistas como um dos maiores problemas de segurança pública da capital, com casos de repercussão nacional.
As informações são do jornal <b>O Estado de S. Paulo.</b>