Cidades

Estado projeta expresso entre Guarulhos e SP por rios

Em dois anos, o viajante que chega ao Aeroporto de Guarulhos poderá se dirigir até a zona sul de São Paulo pelos rios Tietê e Pinheiros. Esta é a proposta de um projeto em análise pelo Governo do Estado.

De acordo com o diretor do Departamento Hidroviário da Secretaria Estadual de Logística e Transportes, Casemiro Tércio Carvalho, essa alternativa seria uma das mais baratas.  "É algo ainda embrionário. Mas as pessoas sairiam do aeroporto e passariam por estações como Anhembi, Cebolão, Alphaville, Pinheiros, Vila Olímpia, Cidade Universitária. Mas precisaria criar conexão entre Guarulhos e o rio. Isso seria feito por um córrego que precisaria ser habilitado para uso". 

De acordo com o diretor, o transporte seria feito por uma embarcação híbrida, com ambiente isolado e ar condicionado para evitar "o cheiro forte do rio". Carvalho ressalta que o projeto – estudado para a Copa do Mundo de 2014 – só sairá do papel se as "contas fecharem" e o governo encontrar interessados, na iniciativa privada, para administrá-lo. Além disso, a concretização do projeto de construção de metrô até a região de Guarulhos, pode inviabilizar o investimento no transporte náutico. 

Paralelamente ao projeto do "expresso aeroporto", o governo começou a transformar em realidade a construção do Hidroanel Metropolitano. O projeto abrange os rios Tietê e Pinheiros, as represas Billings e Taiaçupeba, além de um canal artificial ligando as represas, num total de 170 km de hidrovias. Até novembro de 2012, de acordo com o secretário, será aberta licitação para construção da eclusa da Penha, no rio Tietê, que levará as embarcações da parte mais alta para parte mais baixa do rio. A obra está orçada em R$ 90 milhões. 
"Existe praticamente 2 milhões de m³ de sedimentos para serem retirados de lá."

Para a realização desta primeira fase do projeto, em que será possível navegar pelos rios Tietê e Pinheiros e parte da represa Billings, foi realizado um estudo para identificar o tipo de material que poderia ser transportado pelo hidroanel. Segundo Carvalho, neste trajeto inicial, as embarcações poderão carregar lodo, resíduos sólidos urbanos (como o recolhido pela Operação Cata-Bagulho), resíduos de material civil. Esta primeira etapa deverá ser concluída entre 2014 e 2015. "O hidroanel inteiro ainda é conceitual. Para implantarmos a navegação nas outras áreas são necessários estudos de retorno socioambiental. Não há prazo para isso acontecer porque ainda não temos os argumentos para sustentar este resto de obra" . 

Segundo a arquiteta e urbanista da Rede Nossa São Paulo Nina Orlow, a navegação pelos rios pode ser uma solução alternativa de transporte urbano, mas deve ser realizada com muito rigor. "A embarcação tem que ter uma tremenda proteção. É válido carregar resíduos específicos como vidro, metal, bem acomodado em contêineres porque, em caso de acidente, seriam mais facilmente recuperados. Há que ter um rigor tremendo no transporte, pois o estrago em caso de vazamento de um material químico e tóxico é danoso ao meio ambiente". 

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