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Estrangeiras que embarcariam em Guarulhos são presas com ovos de arara-azul-de-lear, espécie ameaçada de extinção

Duas mulheres de nacionalidade ucraniana foram presas na última sexta-feira (2) na BR 116, em Governador Valadares, no interior de Minas Gerais, durante uma operação conjunta entre as Polícias Federal e Rodoviária, com apoio do Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos Naturais e do Instituto do Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Inema) da Bahia. Dentro do carro em que elas estavam foi encontrada uma estufa com seis ovos de arara-azul-de-lear (Anodorhynchus leari), espécie que só existe no Brasil e está ameaçada de extinção. As ucranianas planejavam então ir para o Aeroporto de Guarulhos e de lá embarcar para a Europa. Agora elas vão responder a processo por tráfico ilegal de animais e contrabando.

Segundo nota divulgada pela Polícia Federal, a movimentação das mulheres estava sendo acompanhada pelas autoridades. Investigadores receberam informações que os ovos teriam sido retirados de uma área de conservação federal da Bahia, onde ocorre a espécie, com ajuda de moradores locais.

 

 

Ave belíssima com a plumagem toda em um tom de azul vibrante, a arara-azul-de-lear é um dos animais mais procurados pelos traficantes. Essa inclusive é uma das razões que ela quase foi levada à extinção. Em 2001, foram registrados pouco mais de 200 indivíduos na região ao norte da Bahia, o único habitat natural da espécie no mundo.

Duas décadas depois, graças a esforços de conservação, o mais recente censo apontou que nas áreas do Raso da Catarina e do Boqueirão da Onça já são cerca de 2.250 indivíduos. Apesar do aumento de sua população, ela ainda é classificada como em ‘perigo de extinção’.

Contudo, mesmo estando ameaçada, criminosos continuam agindo. Os casos são muitos. Em julho de 2023, o Serviço Florestal do Suriname apreendeu 29 araras-azuis-de-lear e sete micos-leões-dourados. Antes de serem repatriadas para o Brasil, 23 delas foram roubadas do local onde estavam, aguardando a chegada de um avião com uma equipe de veterinários e especialistas do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio).

De acordo com a Freeland Brasil, organização que trabalha pelo fim do tráfico de animais e esteve envolvida na época com o processo de repatriação dos animais, a hipótese de trabalho era a participação do tráfico internacional organizado.

“Esses animais podem atingir altos valores. A suspeita é que eles seriam vendidos na Europa, provavelmente para colecionadores, zoos particulares ou criadores”, revelou então a bióloga Juliana Machado Ferreira, diretora executiva da Freeland Brasil.

Reportagens da mídia local denunciaram que pode ter havido ainda participação de pessoas ligadas ao governo do Suriname no crime.

As informações são do portal Conexão Planeta.

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