O misterioso complô que levou ao assassinato do presidente haitiano, Jovenel Moise, assumiu as dimensões de um caso internacional, reunindo ex-comandos militares colombianos que cruzaram a República Dominicana, dois haitiano-americanos do sul da Flórida e um impasse na Embaixada de Taiwan, enquanto as autoridades do Haiti pediam ajuda internacional em sua busca pelos mentores do crime.
Dois dias após o assassinato, os haitianos debatiam se os autores intelectuais do ataque vinham das fileiras dos inimigos mais óbvios de Moise ou se eram próximos do presidente.
Bed-ford Claude, um promotor haitiano, solicitou o interrogatório de Dimitri Herard e Laguel Civil, figuras importantes da segurança do presidente.
O chefe da polícia haitiana, Leon Charles, informou que o comando assassino era formado por 26 colombianos e 2 americanos de origem haitiana. A polícia matou 3 suspeitos e deteve 17, enquanto outros 8 permanecem foragidos, disse Charles.
As autoridades disseram que a busca pelos mentores continua. Os motivos do assassinato ainda são desconhecidos.
O general Jorge Luis Vargas, diretor da polícia colombiana, disse que pelo menos 17 ex-soldados colombianos estão supostamente envolvidos no assassinato de Moise. Dois deles "pereceram" nas mãos das forças haitianas e há mais 15 colombianos que "teriam pertencido ao Exército Nacional" e se dissociaram entre 2018 e 2020.
Dois dos envolvidos, Duberney Capador e Germán Alejandro Rivera, viajaram em 6 de maio de Bogotá para o Panamá e de lá para Santo Domingo, onde estiveram quatro dias antes para pegar um voo para o Haiti. Os outros colombianos chegaram na República Dominicana em 4 de junho e no dia 6 foram para Porto Príncipe.
As autoridades afirmaram que também possuem informações de quatro empresas envolvidas no crime, sem fornecer mais detalhes.
Entre os detidos pelo assassinato, está Manuel Antonio Grosso Guarín, de 40 anos, um dos "militares mais bem preparados do Exército colombiano", segundo o jornal El Tiempo. Outro dos detidos é Francisco Eladio Uribe que, segundo sua mulher, Yuli, saiu do Exército em 2019 após 20 anos de serviço como soldado profissional. O ex-segurança e motorista foi recrutado por uma suposta empresa de segurança que o ofereceu viagens a outros países como guarda-costas de famílias poderosas, afirmou Yuli.
Em entrevista à W Radio, ela disse que seu marido foi contactado por um homem conhecido como "Capador", um dos mercenários mortos pelas forças haitianas. "Inicialmente, a empresa ofereceu US$ 2.700 (R$ 14 mil) por mês", afirmou.
Dois cidadãos americanos de ascendência haitiana, identificados como James Solages, de 35 anos, e Joseph Vincent, de 55, estão entre os presos. O jornal Le Nouvelliste do Haiti, citando juízes investigadores que entrevistaram Solages e Vincent, disse que os homens alegam ser intérpretes dos agressores. Solages disse que "encontrou o emprego pela internet". "Eles disseram que eram intérpretes. A missão era prender o presidente Jovenel Moise, no âmbito de um mandato de um juiz de instrução, e não matá-lo", disse a juíza Clément Noël ao jornal.
Solages disse que está há um mês no Haiti e morava "não muito longe" da casa de Moise. Vincent afirmou que há seis meses está no país caribenho. Schubert Dorisme, de 63 anos, tio de Solages, disse em uma entrevista que sua família ficou chocada. Ele disse que o sobrinho não tinha treinamento militar e viajava periodicamente para o Haiti para ajudar nos esforços humanitários.
Fontes em Washington disseram que o serviço secreto dos EUA investiga as conexões americanas com o assassinato do presidente haitiano.
Taiwan informou ontem que 11 suspeitos de pertencer ao comando que assassinou Moise invadiram sua embaixada em Porto Príncipe em uma tentativa de fuga, mas foram detidos pela polícia. (Com agências internacionais).
As informações são do jornal <b>O Estado de S. Paulo.</b>