A ideia era contagiante – transformar o clássico Romeu e Julieta, de Shakespeare, em um musical. O desafio imposto, então, aos donos da ideia (a produtora Aniela Jordan e o diretor Guilherme Leme Garcia) era montar a seleção de canções: afinal, inúmeras opções saltavam aos olhos, resultando em uma colcha de retalhos. A solução veio de uma sugestão do ator e diretor Gustavo Gasparani: por que não usar apenas músicas de Marisa Monte? “São letras que tratam do amor na medida certa”, comenta Gasparani, que resolveu a questão ao adaptar (ao lado de Eduardo Rieche) o texto shakespeariano, incluindo entre suas falas precisas os versos amorosos de Marisa. O resultado poderá ser visto a partir desta sexta-feira, 9, com a estreia de Romeu & Julieta, no Teatro Riachuelo, no Rio – em junho, chega a São Paulo.
O segredo da perfeita fusão está no fato de Marisa ter, como só Elis Regina e Gal Costa antes dela, o poder de organizar sínteses. Convivem em suas músicas Carlinhos Brown e Arnaldo Antunes com Paulinho da Viola e Raphael Rabello, um trabalho sem fronteiras definidas entre o erudito e o popular. “As canções se adaptaram de uma tal forma que parecem ter sido especialmente compostas para o espetáculo”, comenta Guilherme Leme que, desde que se maravilhou com uma versão de Romeu e Julieta assinada por Antunes Filho, no longínquo ano de 1984, sonhava em comandar uma montagem em que o medieval dialogasse com o tempo presente, ou seja, em que texto escrito no final dos anos 1500 casasse perfeitamente com a música dos 2000.
Assim, o espetáculo abre com Um Só, que ilustra a apresentação do ambiente e dos personagens, e termina em forte tom operístico com A Primeira Pedra, quando a intransigência das famílias rivais provoca a morte dos dois jovens amantes.
“Eu sinto claramente que essas músicas não são mais minhas, elas fazem parte da vida de muitas pessoas, de histórias vividas por outros em situações e lugares muito além da minha presença física”, conta Marisa ao Estado. “Nesse caso, ver as canções se cruzando com a história de personagens fictícios, num clássico de Shakespeare é, para mim, uma sensação inédita, que me toca de uma maneira diferente e única que ainda nem sei explicar, mas que já adoro.”
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.