Cerca de 80 jovens e estudantes da rede pública invadiram na manhã de sexta-feira, 29, a Escola Estadual Fernão Dias, em Pinheiros, zona oeste da capital, símbolo das ocupações feitas entre novembro de 2015 e janeiro deste ano contra a reorganização escolar proposta pelo governo Geraldo Alckmin (PSDB). Na ocasião, o colégio ficou 55 dias ocupado. Agora, o grupo diz que a ação acontece em apoio à ocupação do Centro Paula Souza, responsável pelas escolas técnicas, feita desde quinta-feira, 27, contra a falta de merenda e pedindo punição aos envolvidos nos desvios de verbas da educação.
A ocupação da Fernão Dias começou por voltas das 3 horas e foi ganhando adesão a cada hora na manhã de ontem. Os jovens iam chegando e pulavam o portão da escola.
Policiais Militares e agentes da Polícia Civil foram chamados à unidade pela manhã, mas não conseguiram convencer os estudantes a deixarem o local. “Essa ocupação é contra a falta de merenda e a precarização da educação. Estamos juntos com o pessoal do Paula Souza”, disse a estudante Laura Santos, de 15 anos, que estuda em uma unidade no Rio Pequeno, zona oeste.
Camilla Rodrigues, de 15 anos, estudante da Fernão Dias, disse que a reivindicação está unificada com as escolas técnicas estaduais (ETECs) e também com professores da rede pública. “Certamente vai ser uma mobilização maior do que a do ano passado, porque é uma pauta nacional, que envolve não só as escolas estaduais, mas as escolas técnicas e os professores. A ideia é fazer uma greve geral nacional”, disse ela, em resposta a possíveis cortes de investimentos na educação em razão da crise econômica.
No início da tarde, o dirigente regional de ensino Nonato Miranda, da Secretaria Estadual da Educação, conversou com alguns estudantes na frente da Fernão, mas disse que eles apresentaram uma pauta genérica de reivindicações que não tem relação com a unidade ocupada na zona oeste.
Onda
A onda de invasões das escolas estaduais paulistas começou em novembro do ano passado, quando estudantes ocuparam a Escola Estadual Diadema, no ABC paulista, contra o plano de reestruturação. O projeto previa o fechamento de 93 unidades e a criação de 754 colégios em turno único, com a transferência de 311 mil alunos. A segunda unidade ocupada foi a Fernão Dias, na capital.
Até o dia 4 de dezembro, eram 196 colégios invadidos, quando o governador, após uma série de manifestações de rua e decisões judiciais, suspendeu o plano. Neste ano, são realizadas audiências regionais para apresentar à comunidade estudantil o plano do governo.
O modelo de ocupações de São Paulo foi copiado em Goiás e no Rio. Em dezembro, estudantes começaram a invadir escolas em Goiás contra o plano de entregar as escolas para organizações sociais (OSs). No auge do movimento, em janeiro, eram 27 unidades invadidas.
No Rio, 76 escolas estão ocupadas no Estado, segundo a Assembleia Nacional de Estudantes-Livre (Anel-RJ). Para a Secretaria Estadual de Educação são 66 escolas.
A primeira unidade ocupada foi o Colégio Estadual Mendes de Moraes, na Ilha do Governador, zona norte. Os estudantes apoiam os professores, em greve desde 2 de março por melhores salários e condições de trabalho.