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Estudo revela por que tilápia é tão adaptável

O sequenciamento genético de cinco peixes africanos – incluindo a Tilápia do Nilo – revelou os mecanismos genômicos que estão por trás da incrível capacidade de adaptação desses animais aos mais variados tipos de ambientes. O trabalho, realizado por uma equipe de mais de 70 cientistas sob liderança do Broad Institute do MIT e Harvard, foi publicado na edição desta quinta-feira, 4, da revista Nature.

A alta capacidade adaptativa da tilápia é neste momento uma grande preocupação da comunidade científica brasileira: a Câmara dos Deputados acaba de aprovar e enviar ao Senado o Projeto de Lei 5989/09, que libera a criação de espécies exóticas – como a tilápia – nos reservatórios de represas brasileiras.

Segundo o artigo da Nature, peixes como a tilápia são verdadeiros “mutantes naturais”, por isso conseguiram se diversificar amplamente em um tempo relativamente curto nos rios e lagos africanos. A comparação dos genomas das cinco espécies da família Cichlidae mostrou uma surpreendente gama de modificações genéticas. “Não detectamos apenas uma grande mudança genética, mas inúmeros mecanismos moleculares que a natureza usou para levar esses peixes a um incrível grau de adaptação”, disse Federica Di Palma, uma das autoras.

Segundo Mário Orsi, do Laboratório de Ecologia de Peixes e Invasões Biológicas da Universidade Estadual de Londrina, o estudo reforça os argumentos da comunidade científica contra o projeto de lei. “Caso o Senado aprove o projeto, teremos uma verdadeira tragédia ecológica. A tilápia tem capacidade para se adaptar nos mais variados ambientes, mesmo em águas extremamente degradadas”, afirmou. De acordo com Orsi, embora já seja encontrada em diversos biomas, a tilápia não se estabeleceu completamente no Brasil. “A tilápia é extremamente agressiva e domina os ambientes onde se estabelece”, disse. De acordo com o cientista, o projeto libera o cultivo de peixes exóticos em tanques-rede. “A tilápia deveria ser cultivada apenas em tanques escavados. Nos tanques-rede é praticamente impossível impedir que os peixes escapem e se espalhem pelos biomas.”

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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