Economia

ETF é aposta para trazer pessoa física à bolsa

Os fundos de índices (ETFs, na sigla em inglês) são uma das apostas das gestoras para atrair investidores ao mercado de capitais no começo do ano que vem, data prevista para o lançamento dos primeiros ETFs de renda fixa, que foram incluídos na Medida Provisória 651 e trazem algumas vantagens. O produto de renda fixa, além de não contar com o come-cotas, terá alíquotas de IR decrescentes.

Esse desenho tributário deverá favorecer os ETFs de papéis como o IRFM, que acompanha os papeis públicos prefixados, e o IMA-B, que segue a rentabilidade dos títulos indexados ao IPCA, segundo o diretor executivo de Produtos e de Relações com Investidores da BM&FBovespa, Eduardo Guardia. Esses benefícios terão validade a partir do próximo ano.

A Superintendente de estratégia de fundos indexados da Itaú Asset Management, Tatiana Grecco, lembra que o caminho do surgimento dos ETFs no Brasil segue o histórico externo, com as estratégias atreladas aos índices de renda fixa surgindo posteriormente aos de renda variável. “No Brasil, o desenvolvimento dos ETFs ficou limitado, já que por aqui há pouco cultura de investimento em bolsa”, afirma a especialista. Uma das dificuldades para a popularização desses produtos aos investidores pessoas físicas, destaca, é a sua distribuição, que é feita pelas corretoras.

Tatiana destaca ainda que para o investidor de perfil sofisticado, o ETF pode trazer dinamismo para a carteira, podendo, até mesmo ser instrumento de gestão ativa. “O ETF permite fazer arbitragens, é possível fazer operações com opções, por exemplo”, destaca a especialista. O Itaú administra seis fundos de índices.

No Brasil, há 16 ETFs listados na BM&FBovespa, – o primeiro deles foi lançado há dez anos – todos de renda variável, sendo um deles com exposição internacional. De acordo com dados de junho da Bolsa, as pessoas físicas respondem por 10,1% do total. A maior fatia está nas mãos dos institucionais, caso dos fundos de pensão, com 37,29%. Em seguida estão as instituições financeiras (28,66%) e os estrangeiros (23,58%). Há dois anos, a Bolsa registrou mais de 35 mil investidores nesse produto, mas atualmente o patamar está na casa dos 25,5 mil, fato relacionado à aversão ao risco.

O grupo de ETFs negociados na Bolsa tem patrimônio líquido de aproximadamente R$ 3 bilhões, e responde por cerca de 1% do total dos volume de ações negociado no mercado brasileiro. O dado enseja que há espaço considerável para o produto crescer, já que em países mais desenvolvidos a representatividade dos ETFs passa para 20%. “O ETF é um instrumento bastante eficiente e com bastante apelo ao investidor”, observa Guardia.

A BlackRock é gestora de nove dos 16 fundos de índice negociados no Brasil. Bruno Stein, diretor da gestora e responsável pelo Desenvolvimento de Negócios e corresponsável pelas operações da BlackRock no Brasil, acredita que o ETF de renda fixa poderá exercer um papel relevante na atração da pessoa física, que ainda não investe em Bolsa. “Esse ETF pode ser um instrumento fortíssimo de democratização dos títulos de renda fixa”, destaca, dizendo que a BlackRock tem interesse em lançar um produto dessa categoria, mas não deu maiores detalhes.

Dos fundos de ETF da BlackRock, Stein destaca que o produto com o conceito “verde”, o ECO11, patrocinado pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), foi o que mais contou com a presença da pessoa física. O apelo desse produto, lançado em 2012, foi a garantia de recompra dada pelo BNDES, que teve validade de um ano para quem comprou cotas do fundo na oferta primária.

A BlackRock mantém ainda aposta em ETF com exposição internacional. Depois de lançar o primeiro produto com essa característica no Brasil neste ano, com foco nos fundos de pensão, mas também para o varejo, a gestora não descarta novos produtos com essa característica. “Estamos trabalhando com produtos e muito provavelmente deveremos seguir nessa linha. Já temos um grupo de índices que faz sentido para clientes”, disse o diretor da BlackRock.

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