A campanha do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, sofreu mais reveses legais em sua tentativa de reverter os resultados das eleições de novembro e apresentou nova contestação ao resultado na Geórgia.
Uma enxurrada de decisões judiciais e ações legais em seis Estados disputados foi divulgada na sexta-feira, já que os prazos federais iminentes podem impedir a capacidade de Trump de contestar a vitória do presidente eleito Joe Biden. Trump se recusou a reconhecer a derrota, mas sua equipe jurídica até o momento não teve êxito em quase todos os questionamentos.
Na sexta-feira, um tribunal estadual de Nevada rejeitou um processo apoiado pelos republicanos aberto em Carson City, que alegava que a eleição foi marcada por irregularidades e fraudes. O processo pedia ao tribunal que declarasse Trump o vencedor ou anulasse os resultados.
"As partes que questionam não provaram, sob nenhum padrão de prova, que algum dos funcionários eleitorais de Nevada cometeu conduta ilegal", disse a decisão de 35 páginas do juiz do Tribunal Distrital de Nevada, James T. Russell.
Nevada certificou os resultados das eleições em 24 de novembro, mostrando que Biden venceu o Estado por mais de 33 mil votos.
Autoridades eleitorais estaduais e policiais federais dizem não ter visto nenhuma evidência de fraude generalizada. Autoridades federais consideraram a eleição a mais segura já realizada.
Em Michigan, onde os resultados oficiais mostram que Biden venceu por cerca de 155 mil votos, um tribunal de apelações rejeitou a tentativa da campanha de Trump de interromper a contagem dos votos ausentes, concluindo que o processo não era mais relevante. Nas duas semanas que a equipe jurídica de Trump levou para preparar o argumento, Michigan já havia certificado seus resultados.
Em Minnesota, onde Biden venceu por mais de 230 mil votos, a Suprema Corte no Estado rejeitou na sexta-feira um processo apoiado pelo Partido Republicano que buscava atrasar a certificação da eleição. O Estado certificou seus resultados em 24 de novembro.
Os Estados devem resolver quaisquer questionamentos pendentes para suas eleições até terça-feira, ou correm o risco de o Congresso se envolver em relação a qual candidato receberá seus votos eleitorais. O Colégio Eleitoral vota em 14 de dezembro.
Com opções cada vez menores disponíveis, a equipe Trump foi na sexta-feira para dois outros campos de batalha: Geórgia e Arizona.
Os advogados de Trump entraram com um questionamento eleitoral no tribunal estadual da Geórgia, dizendo que milhares de cédulas foram depositadas ilegalmente, incluindo eleitores não registrados, menores de idade e pessoas condenadas por crimes. A denúncia, que nomeia como demandantes a campanha de Trump, um eleitor republicano e Trump pessoalmente, disse que esses votos foram incluídos indevidamente nas tabulações "devido a má conduta, fraude e outras irregularidades sistêmicas significativas".
Funcionários eleitorais da Geórgia, incluindo o secretário de Estado republicano Brad Raffensperger, defenderam a eleição como segura e justa. Uma recontagem manual confirmou a vitória de Biden, embora a margem tenha diminuído para 12.284 votos, ante pouco mais de 14 mil.
Os advogados de campanha de Trump pediram que a legislatura controlada pelos republicanos no Arizona anulasse os resultados certificados do Estado e entregasse os votos do Colégio Eleitoral a Trump. "O Estado de direito nos proíbe de fazer isso", disse Rusty Bowers, porta-voz do Partido Republicano na Câmara dos Representantes do Arizona, em um comunicado na sexta-feira.
Em Wisconsin, um juiz de primeira instância marcou uma audiência para o fim da semana que vem para ouvir as alegações da campanha de Trump de que as autoridades eleitorais estaduais deram conselhos ilegais aos eleitores que resultaram em mais de 200 mil cédulas não qualificadas pelo correio. A campanha de Trump pediu à Suprema Corte de Wisconsin que invalidasse esses votos, o que teria sido um movimento significativo: Biden ganhou o Estado por cerca de 20 mil votos.
Mas o tribunal superior negou o pedido e disse que um tribunal inferior deveria ouvir o caso primeiro. Na sexta-feira, o novo juiz do caso disse que o processo aconteceria de forma desconfortavelmente perto da reunião do Colégio Eleitoral.
"Há um prazo rígido de 14 de dezembro, e eu odeio esbarrar nisso", disse o juiz da reserva de Wisconsin Stephen A. Simanek na sexta-feira, acrescentando que, se "houver alguma falha, não temos recurso".
A campanha de Trump também está contestando os resultados da eleição de Wisconsin no tribunal federal, onde uma audiência separada foi marcada para a próxima quinta-feira, disseram os advogados. Fonte: Dow Jones Newswires.