Os EUA e o Taleban do Afeganistão iniciam neste sábado, 22, uma trégua parcial de sete dias antes de um possível acordo de paz para terminar com mais de 18 anos de conflito. Após meses de conversas intermitentes, ambos se preparam para assinar um acordo histórico de paz na próxima semana, depois de concordar em reduzir a maioria dos ataques em todo o país.
Se os dois lados assinarem o acordo no próximo fim de semana em Doha, no Catar, o governo afegão planeja iniciar suas próprias conversas diretas com o Taleban para tentar levar os militantes a encerrarem os combates.
No entanto, o acordo EUA-Taleban enfrenta obstáculos. Há temores generalizados de que qualquer momento possa ser revertido por militantes intransigentes que tentam atrapalhar os planos, desencadeando ataques mortais durante a próxima semana. Além disso, conflitos em muitas partes do Afeganistão são alimentados por disputas locais, rivalidades tribais e étnicas, e as facções envolvidas podem estar apenas vagamente afiliadas ao grupo Taleban.
O novo acordo não chega a um cessar-fogo completo e ainda não está claro como os EUA avaliarão o sucesso que abre caminho para um acordo de paz de longo prazo. O processo de paz também pode ser ameaçado pelos desenvolvimentos políticos domésticos no Afeganistão. Os políticos da oposição estão desafiando a vitória do presidente Ashraf Ghani nas eleições de setembro, que a comissão eleitoral do país confirmou no início desta semana.
O Taleban alertou que o anúncio estava em desacordo com o processo de paz. Até agora, o grupo se recusou a reconhecer como legítimo qualquer governo afegão apoiado pelos EUA.
Segundo a Organização das Nações Unidas (ONU), mais de 10 mil civis foram mortos e feridos por combates no Afeganistão pelo sexto ano consecutivo em 2019. O número de vítimas civis já ultrapassou 100 mil depois de mais de uma década da ONU documentando o impacto da guerra nos civis. (Agências Internacionais)