Estadão

EUA enviam caças à Polônia em meio a exercícios militares russos perto da Ucrânia

A Força Aérea dos Estados Unidos comunicou nesta quinta-feira, 10, o envio de caças à Polônia, com o objetivo de "melhorar a postura de defesa coletiva da Otan". A Polônia faz fronteira com a Ucrânia, onde o temor de uma invasão da Rússia tem levado ao aumento de exercícios militares na região.

"Os caças da Força Aérea dos EUA chegarão à Base Aérea de Lask, Polônia, em 10 de fevereiro de 2022, para melhorar a postura de defesa coletiva da Otan e apoiar a missão de policiamento aéreo da Otan", informou a força por meio de nota. "Os F-15 Eagles da 48ª Ala de Caça da Royal Air Force Lakenheath, Reino Unido, trabalharão ao lado das aeronaves F-16 polonesas e dinamarquesas que já executam a missão de policiamento aéreo da Otan da Base Aérea de Siauliai, na Lituânia", continua. "Os caças extras reforçarão a prontidão e a dissuasão e defesa dos Aliados, à medida que a Rússia continua o acúmulo militar dentro e ao redor da Ucrânia."

Ao mesmo tempo, Rússia e Belarus iniciaram exercícios militares de 10 dias na fronteira ucraniana. A Rússia diz que o treinamento tem por objetivo "suprimir e repelir agressões externas", mas países ocidentais temem que Moscou esteja planejando uma invasão e usando os treinamentos como disfarce para ataques no território ucraniano.

"A implantação de F-15s dos EUA na Polônia eleva as capacidades de defesa coletiva no flanco leste da Otan e a missão de policiamento aéreo aprimorada", disse o general Jeff Harrigian, comandante das Forças Aéreas dos Estados Unidos na Europa e das Forças Aéreas da África. "O compromisso das aeronaves e aviadores dos EUA demonstra a solidariedade da Aliança, enquanto continuamos a trabalhar juntos em unidade para executar nossa missão defensiva."

Os Estados Unidos estão enviando 3.000 soldados para a Romênia e a Polônia, com as primeiras tropas chegando no Leste Europeu na última terça-feira, 8. Também nesta quinta-feira, o Reino Unido disse que está disposto a enviar mil soldados a mais em caso de uma crise humanitária relacionada à crise na Ucrânia.

O primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, foi para Varsóvia, capital da Polônia, e se reuniu com o premiê polonês, Mateusz Morawiecki. Mais cedo, o britânico se reuniu com o secretário-geral da Otan, Jens Stoltenberg, em Bruxelas.

"A Polônia e o Reino Unido não aceitarão um mundo em que um vizinho poderoso possa intimidar ou atacar seus vizinhos", disse ele antes de se encontrar com os soldados britânicos na Polônia.

<b>Acúmulo de tropas</b>

Em antecipação a uma possível invasão, Moscou já enviou pelo menos 140.000 soldados para sua fronteira com a Ucrânia, o que piorou as relações tensas da Rússia com o Ocidente.

Na terça a Rússia lançou uma série de exercícios militares simultâneos de tiro rápido e enviou navios de guerra para o Mar Negro.

Depois de meses de acúmulo militar russo nas fronteiras da Ucrânia, analistas militares estão alertando que as peças finais para uma invasão estão prontas e que um grande ataque pode derrubar o governo pró-ocidente de Kiev e reafirmar o controle de Moscou.

A Rússia há muito tenta impedir a inclinação da Ucrânia para o Ocidente, com o presidente Vladimir Putin alertando que o objetivo da Ucrânia de ingressar na Otan era uma "linha vermelha" que ataca a segurança russa.

Em resposta aos movimentos russos em suas fronteiras, as tropas ucranianas estão se preparando para seus próprios exercícios militares – usando aeronaves não tripuladas e mísseis antitanque fornecidos por parceiros ocidentais de Kiev. Esses exercícios militares devem durar 10 dias e começam na sexta.

A Rússia diz que não tem planos de invadir a Ucrânia, mas quer que o Ocidente mantenha a Ucrânia e outros ex-países soviéticos fora da Otan. Também quer que a Otan se abstenha de instalar armas lá e recue as forças da aliança da Europa Oriental. Os EUA e a Otan rejeitam categoricamente essas exigências.

Em meio aos avisos de invasão do Ocidente, as autoridades ucranianas tentaram projetar calma, preocupadas com o fato de os temores sobre a guerra desestabilizarem ainda mais a frágil economia do país.

"Acreditamos que a concentração de tropas perto da fronteira é parte da pressão psicológica de nosso vizinho", disse o presidente Volodimir Zelenski em uma reunião de líderes empresariais. "Temos recursos e armas suficientes para proteger nosso país."

A Rússia e a Ucrânia estão envolvidas em um conflito acirrado desde 2014, quando uma revolta popular tirou do cargo o líder ucraniano, amigo do Kremlin. Moscou respondeu anexando a Crimeia e depois apoiando uma insurgência separatista no leste da Ucrânia, onde os combates já mataram mais de 14 mil pessoas.

<b>Fracasso das negociações</b>

Um acordo de paz de 2015 mediado pela França e pela Alemanha ajudou a encerrar as hostilidades em grande escala, mas as escaramuças frequentes continuaram e os esforços para negociar um acordo político paralisaram. O Kremlin acusou Kiev de sabotar o acordo de paz, e autoridades ucranianas disseram nas últimas semanas que implementá-lo prejudicaria seu país.

Assessores de política externa da Alemanha, França, Rússia e Ucrânia estão realizando mais conversas nesta quinta-feira em Berlim para tentar chegar a uma interpretação comum do acordo de 2015 e planejar novas medidas.

As negociações fazem parte de esforços diplomáticos renovados para resolver a maior crise de segurança entre a Rússia e o Ocidente desde a Guerra Fria.

O secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, se encontrou com o ministro de Relações Exteriores da Rússia, Serguei Lavrov em Genebra, enquanto o presidente francês Emmanuel Macron se encontrou com Putin em Moscou antes de seguir para Kiev nesta semana.

O chanceler alemão Olaf Scholz planeja visitar Kiev e Moscou de 14 a 15 de fevereiro. Ele se encontrou na segunda-feira com o presidente dos EUA, Joe Biden, que prometeu que o gasoduto Nord Stream 2 Rússia-Alemanha seria bloqueado no caso de uma invasão.

Tal movimento contra o oleoduto, que foi concluído, mas ainda não está operando, prejudicaria economicamente a Rússia, mas também causaria problemas de fornecimento de energia para a Alemanha. <i>COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS</i>

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