Mesmo com uma maioria republicana muito menor que os líderes do partido previam, Joe Biden enfrentará um Congresso dividido com potencial de atrapalhar sua agenda e dificultar a execução de projetos aprovados na primeira metade de seu mandato.
Seu Partido Democrata conseguiu manter a maioria no Senado e um segundo turno na Geórgia, no dia 6, pode dar à legenda uma cadeira adicional. Quase uma semana após as eleições de meio de mandato, os republicanos precisavam ontem de apenas uma cadeira para confirmar a maioria na Câmara.
O resultado dá aos conservadores influência para enfraquecer a agenda de Biden e permitir uma enxurrada de investigações contra seu governo e sua família. A pequena vantagem numérica dos republicanos, no entanto, representará desafios imediatos para os líderes do partido e complicará sua capacidade de articulação.
Os republicanos provavelmente terão a maioria mais estreita do século 21. O cenário rivaliza com 2001, quando tinham apenas uma maioria de 9 assentos, 221-212, contando com o voto de dois independentes. Isso está muito aquém da ampla vitória que os conservadores previram nas eleições de meio de mandato deste ano, quando o partido esperava redefinir a agenda no Capitólio capitalizando os desafios econômicos e a baixa popularidade de Biden.
<b>Trump</b>
Os democratas foram capazes de barrar uma grande onda do Partido Republicano, sobressaindo em distritos suburbanos moderados. Alguns no Partido Republicano culparam Donald Trump pelo resultado pior do que o esperado. O ex-presidente apoiou candidatos durante as primárias deste ano que perderam ou tiveram dificuldades para vencer.
Apesar de seu desempenho decepcionante, o Partido Republicano verá seu poder em Washington crescer. A legenda assumirá o controle das comissões da Câmara, dando ao partido a capacidade de moldar a legislação e lançar investigações sobre Biden, sua família e seu governo.
Há um interesse particular em investigar os negócios no exterior do filho do presidente, Hunter Biden. Alguns dos legisladores mais conservadores levantaram a perspectiva de impeachment de Biden, embora isso seja muito mais difícil para o partido conseguir com uma maioria apertada.
Qualquer norma que surja da Câmara pode enfrentar grandes dificuldades no Senado, onde a estreita maioria democrata muitas vezes será suficiente para inviabilizar a legislação defendida pelo Partido Republicano.
Com uma maioria tão pequena na Câmara, há potencial para a paralisia legislativa. A dinâmica essencialmente dá a um membro uma enorme influência sobre o que acontece na Casa.
<b>Vantagem</b>
O fracasso do Partido Republicano em obter mais espaço foi especialmente surpreendente porque o partido entrou na eleição se beneficiando de mapas do Congresso que foram redesenhados pelas legislaturas republicanas. Essa manipulação dos mapas, muitas vezes, é feita de maneira artificial para beneficiar o partido no poder, uma prática conhecida nos EUA como gerrymandering . A história também estava do lado dos republicanos: o partido que ocupa a Casa Branca perdeu cadeiras no Congresso nas eleições de meio de mandado em praticamente todos os novos presidentes da era moderna.
Se eleito para substituir a atual presidente da Câmara, Nancy Pelosi, o líder do Partido Republicano na Casa, Kevin McCarthy, deve liderar o que provavelmente será um grupo turbulento de republicanos, a maioria dos quais está alinhada com a política de Trump.
Os candidatos republicanos prometeram na campanha reduzir impostos e reforçar a segurança nas fronteiras. Eles também podem bloquear ajuda à Ucrânia enquanto o país trava uma guerra com a Rússia ou usar a ameaça de inadimplência da dívida do país como alavanca para extrair cortes de gastos e direitos sociais. (COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS)
As informações são do jornal <b>O Estado de S. Paulo.</b>