O governo Trump está avaliando notificar a Coreia do Sul sobre o plano de os Estados Unidos se retirarem do acordo de comércio bilateral de cinco anos, e uma decisão a respeito do tema deve ser anunciada na próxima semana, de acordo com fontes familiarizadas com o assunto.
O presidente Donald Trump reclamou repetidamente sobre o pacto e do aumento acentuado do déficit comercial dos EUA que ocorreu após a implementação do acordo em 2012. Negociadores comerciais dos dois países realizaram uma série de reuniões durante o verão do Hemisfério Norte, com as autoridades norte-americanas mostrando insatisfação sobre o que qualificaram como uma falta de disposição da Coreia do Sul de fazer mudanças significativas no Acordo de Livre Comércio EUA-Coreia, conhecido como Korus, de acordo com as mesmas fontes.
Uma porta-voz da Casa Branca disse no sábado que “discussões estão em andamento” com Seul sobre o pacto, mas recusou-se a dar mais detalhes. “Não temos anúncios neste momento”, acrescentou.
Não está claro se a Casa Branca de fato está considerando revogar o pacto ou se quer usar a ameaça como uma tática de negociação para levar Seul de volta à mesa de barganha. “É uma verdadeira incógnita o quão sério isto é”, disse uma pessoa de fora do governo que acompanha as discussões.
Da mesma forma, Trump ameaçou, em abril, sair do Acordo de Livre Comércio da América do Norte (Nafta), a fim de renegociar o acordo com o Canadá e o México. Essas negociações continuam neste fim de semana na Cidade do México, e Trump nos últimos dias reviveu sua ameaça de retirada da Nafta se estivesse descontente com os resultados.
Ainda assim, grupos empresariais dos Estados Unidos que pressionaram fortemente pelo pacto durante a administração Obama levaram a sério a possível interrupção do Korus, que foi relatada primeiramente pela publicação de notícias Inside U.S. Trade, e lançaram um esforço neste fim de semana para reprimir essa possibilidade.
A Associação Nacional de Indústrias enviou um e-mail de “alerta” aos seus integrantes na manhã de sábado, afirmando que “ficamos sabendo por múltiplas fontes que (…) uma notificação de intenção de saída (…) foi redigida”. O grupo de comércio instou os seus membros a “interceder o mais rápido possível com altos funcionários da administração, membros do Congresso e governadores”. Uma agitação semelhante da atividade comercial ajudou a bloquear a saída dos EUA do Nafta em abril.
A pressão comercial crescente sobre a Coreia do Sul também pode enfrentar resistência do Departamento de Estado e do Departamento de Defesa dos EUA, que trabalharam em estreita colaboração com o aliado asiático em uma estratégia coordenada para combater a crescente ameaça do programa nuclear da Coreia do Norte – incluindo a disposição de Seul de instalar lançadores antimísseis produzidos nos EUA apesar da oposição política doméstica. Trump deve se encontrar com seus principais assessores na Casa Branca na terça-feira para discutir o impacto de uma possível retirada do acordo, conforme uma das fontes.
Uma ruptura do pacto de comércio também seria vista por alguns críticos como sinal de uma diminuição do envolvimento econômico dos EUA na região, na sequência da saída dos EUA da Parceria Transpacífico, que havia sido negociada pelo ex-presidente Barack Obama com Japão, Austrália, Malásia, Vietnã e outros países, mas nunca ratificada pelo Congresso. Fonte: Associated Press.