Estadão

EUA interceptam ataque de mísseis contra aeroporto de Cabul, no Afeganistão

As defesas antimísseis dos EUA interceptaram até cinco foguetes lançados contra o aeroporto de Cabul, no Afeganistão, na madrugada desta segunda-feira, 30, penúltimo dia das tropas americanas no país. A ameaça de novos ataques fez com que os militares se apressassem ainda mais para concluir a operação de saída de solo afegão.

Uma fonte que trabalhou para o Departamento de Segurança do governo afegão derrubado pelo Taleban há 15 dias afirmou que os foguetes foram lançados a partir de um veículo na zona norte de Cabul, onde fica o aeroporto. Reportagens da mídia afegã apresentaram a mesma versão: de acordo com a agência de notícias <i>Pajhwok</i>, vários foguetes atingiram diferentes partes da capital afegã. Relatórios iniciais não indicaram quaisquer vítimas dos EUA.

A Casa Branca confirmou o ataque com foguetes. O presidente americano, Joe Biden, estabeleceu a terça-feira 31 de agosto como data-limite para a retirada das tropas do Afeganistão, o que significará o fim de duas décadas de uma operação militar iniciada como represália pelos atentados de 11 de setembro.

Moradores das proximidades do aeroporto de Cabul afirmaram que ouviram o som da ativação do sistema de defesa de mísseis e que viram estilhaços caindo do céu, o que indicaria que ao menos um foguete foi interceptado. Imagens transmitidas pela TV do Afeganistão mostram fumaça escura no céu, mas não há nenhuma informação a respeito de perdas até o momento.

Uma autoridade afegã afirmou ao <i>New York Times</i> que a explosão parece ter mesmo sido causada por um foguete. Vídeos nas redes sociais também mostram pessoas tentando jogar água no prédio de onde sai fumaça.

No domingo, 29, o ataque de um drone dos EUA matou um homem-bomba suicida, que autoridades do Pentágono disseram que estava se preparando para se dirigir ao aeroporto, em nome de uma facção que representa o Estado Islâmico (Estado Islâmico-Khorasan, ou ISIS-K, uma afiliada local do grupo terrorista inimigo declarado do Taleban).

Duas autoridades americanas disseram que as evacuações continuariam nesta segunda-feira, priorizando pessoas consideradas de risco extremo. Outros países também fizeram pedidos de última hora para trazer pessoas dessa categoria, segundo essas autoridades.

<b>Retirada</b>

O governo americano se apressa para concluir a retirada do Afeganistão e encerrar sua guerra mais longa. Tendo retirado cerca de 114.400 pessoas até agora – incluindo estrangeiros e afegãos "em risco" – em uma operação que começou um dia antes de Cabul cair nas mãos do Taleban, em 15 de agosto, os EUA e as forças aliadas devem concluir a manobra de retirada até amanhã, para cumprir o prazo estabelecido com os militantes islâmicos.

O número de soldados dos EUA no aeroporto caiu para menos de 4 mil no fim de semana, com os esforços para partir se tornando mais urgentes depois que um ataque suicida do Estado Islâmico, na quinta-feira passada, matou mais de uma centena de civis afegãos e 13 militares dos EUA.

<b>Ataque aéreo com drone</b>

No domingo, os Estados Unidos executaram um ataque aéreo com drone contra integrantes do Estado Islâmico na cidade de Cabul, no Afeganistão. O alvo eram pessoas suspeitas de serem militantes do Estado Islâmico-Khorasan. Um carro que levava um homem-bomba ao aeroporto foi atingido.

Um funcionário do governo dos EUA disse que o ataque deste domingo foi feito por um drone que era pilotado por agentes que nem mesmo estão no Afeganistão. Segundo ele, explosões secundárias após o ataque provam que o homem-bomba levava uma grande quantidade de material explosivo.

O Taleban é inimigo do Estado Islâmico no Afeganistão. Segundo a agência <i>Associated Press</i>, o Taleban confirmou que um ataque dos EUA atingiu um homem-bomba que estava em um carro e que pretendia fazer um atentado no aeroporto de Cabul.

Um porta-voz do comando central dos EUA, o capitão Bill Urban, afirmou que os militares ainda estão tentando descobrir se o ataque matou algum civil. Por enquanto, segundo ele, não há evidência de que isso tenha acontecido. (Com agências internacionais).

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