O governo dos EUA pretende checar com mais rigor o histórico de estudantes chineses que vivem no país em razão da preocupação com espionagem e roubo de propriedade intelectual. Segundo assessores do presidente Donald Trump, outras restrições também estão sendo analisadas, como investigação de perfis em redes sociais.
As medidas fazem parte de uma série de decisões hostis de Trump contra a China. Em junho, o Departamento de Estado encurtou de cinco anos para um ano o período do visto de estudantes chineses que estudam aviação, robótica e manufatura nos EUA. Autoridades disseram que o objetivo era limitar o risco de espionagem e roubo de propriedade intelectual em áreas-chave.
Agora, o governo americano pretende submeter os chineses a um escrutínio adicional antes que eles cheguem a uma escola dos EUA. As ideias consideradas incluem checagens do histórico telefônico e investigar contas em redes sociais em busca de qualquer indício que possa levantar preocupações sobre as intenções do estudante, incluindo filiações com organizações do governo. Autoridades americanas também querem treinar especialistas para detectar espionagem e roubo online, disse um funcionário do alto escalão do governo.
“Todo estudante que a China manda para cá tem de passar por uma aprovação do partido e do governo”, disse um funcionário americano à Reuters. “Você não precisa estar aqui para espionar da maneira tradicional, mas nenhum estudante chinês vem para cá sem ligações com o Estado.” A Casa Branca se recusou a comentar as novas restrições que estão sendo analisadas.
O governo chinês afirma que Washington vem exagerando a dimensão do problema por motivos políticos. O embaixador da China nos EUA, Cui Tiankai, disse que as acusações não têm fundamento e são “muito indecentes.” “Por que alguém deveria acusá-los de espionagem? Eu acho que isso é extremamente injusto com eles”, afirmou.
Uma investigação mais profunda sobre os vistos de estudantes chineses poderá ser parte de um esforço maior de confrontar Pequim sobre o que Washington vê como o uso de métodos ilícitos para adquirir novas tecnologias que a China transforma em prioridade nacional.
As duas maiores potências do mundo estão em uma guerra comercial e em desacordo sobre questões diplomáticas e econômicas. No começo do ano, assessores mais conservadores sugeriram a Trump interromper a concessão de vistos para estudantes chineses, mas a proposta foi abandonada por preocupações sobre seu impacto econômico e diplomático.
Stephen Miller, um dos principais responsáveis pelas pesadas políticas migratórias do governo, e Peter Navarro, o assessor de comércio da Casa Branca, pressionaram o presidente a tornar inviável para que chineses estudem nos EUA, mas a proposta não avançou em razão de seu impacto econômico. (Com agências internacionais). As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.