Estadão

EUA preparam novas sanções contra a Rússia em resposta à morte de Alexei Navalni

Os Estados Unidos disseram nesta terça-feira, 20, estar preparando um pacote adicional de sanções contra a Rússia em resposta à morte do líder da oposição Alexei Navalni em uma colônia penal no Ártico. Segundo o porta-voz do Conselho de Segurança Nacional, John Kirby, o novo pacote será revelado na sexta, 23, e foi iniciativa direta do presidente Joe Biden.

Kirby se recusou a detalhar as novas ações, citando a política do governo dos EUA, ou compartilhar como seriam ampliadas as já rigorosas sanções que os EUA e seus aliados impuseram à Rússia em retaliação à invasão da Ucrânia. Ele se limitou a dizer que o pacote coincidirá com o segundo aniversário da invasão russa.

O porta-voz enfatizou que os EUA não haviam determinado como Navalni morreu, mas insistiu que a responsabilidade final era de Vladimir Putin. "Independentemente da resposta científica, Putin é o responsável", disse ele aos repórteres.

O Departamento do Tesouro se recusou a comentar os detalhes das próximas sanções. Brian Nelson, Subsecretário de Terrorismo e Inteligência Financeira do departamento, está na Europa nesta semana para trabalhar nas sanções contra a Rússia antes do segundo aniversário.

"A coalizão global impondo sanções sem precedentes à máquina de guerra da Rússia jogou areia nas engrenagens dos esforços do Kremlin para equipar e abastecer seu Exército. O presidente Biden recentemente ampliou as autoridades do Tesouro para visar aqueles que financiam os esforços de produção de guerra da Rússia – mesmo que estejam localizados em países terceiros – e o Tesouro está perseguindo agressivamente aqueles que tentam evadir nossas sanções", disse o Departamento do Tesouro na semana passada.

"Sanções multilaterais e controles de exportação forçaram escolhas difíceis para Putin e prejudicaram sua capacidade de projetar poder agora e no futuro", continuou.

Especialistas em política têm avançado com uma série de propostas destinadas a privar a Rússia do dinheiro do qual precisa para continuar sua invasão – desde a apreensão dos fundos do Banco Central do país, em grande parte localizados na Europa, até a redução do limite de preço do petróleo russo no Grupo dos Sete para US$30 (R$ 148), assim como completar a proibição da UE e do G7 sobre hidrocarbonetos russos, conforme sugerido em um documento de trabalho de fevereiro do Grupo de Trabalho Internacional sobre Sanções à Rússia na Universidade de Stanford.

Na sexta-feira passada foi anunciada a morte de Navalni, de 47 anos, em uma prisão remota do Ártico, onde ele cumpria pena de 19 anos após sobreviver a uma tentativa de envenenamento em 2020 pela qual responsabilizou o Kremlin. Ele faleceu após passar três anos preso. Sua família e equipe acusam Putin de "assassinar" Navalni aos poucos na prisão.

No mesmo dia em que a morte veio a público, Biden culpou diretamente Putin: "Não se enganem, Putin é o responsável".

<b>Mãe exige corpo de Navalni</b>

A mãe de Navalni, Liudmila Navalnaia, pediu diretamente a Putin para que entregue o corpo de seu filho, que, segundo pessoas próximas ao opositor, está retido para encobrir o fato de ter sido assassinado. Desde a sua morte, a mãe de Navalni e um dos advogados tentam recuperar os seus restos mortais.

Mas, segundo a equipe do ativista, os investigadores russos afirmaram que não entregarão seu corpo antes de pelo menos 14 dias para realizar uma perícia. Segundo juristas, esse prazo pode ser prorrogado por semanas.

"Peço a você, Vladimir Putin, a solução para este problema depende apenas de você. Permita-me ver meu filho. Peço que o corpo de Alexei seja devolvido sem demora para que ele possa ser enterrado humanamente", declarou em um vídeo filmado perto da colônia penitenciária onde seu filho morreu.

Putin até agora não comentou publicamente a morte do seu principal opositor. Em vez disso, o Kremlin rejeitou as acusações da viúva de Navalni, Yulia Navalnaia, que afirmou na segunda-feira que Putin está por trás da morte do seu marido.

"Estas são obviamente acusações grosseiras e completamente infundadas contra o chefe de Estado russo, mas como Yulia Navalnaia ficou viúva há poucos dias, não comentarei", disse o porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov.

Em um vídeo publicado na segunda-feira, Navalnaia prometeu substituir o marido e continuar sua luta. (COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS)

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