Os Estados Unidos propuseram no Conselho de Segurança da ONU uma resolução por cessar-fogo temporário na Faixa de Gaza "assim que possível", informou nesta segunda-feira, 19, a Reuters, que teve acesso ao documento. Ainda não está claro, no entanto, se o texto será submetido a votação.
O rascunho está em linha com o presidente Joe Biden, que disse ter pressionado o primeiro-ministro de Israel, Binyamin Netanyahu, por um cessar-fogo temporário. Washington é o principal aliado de Tel-Aviv, mas já expressou publicamente suas discordâncias com o curso da guerra e o futuro de Gaza depois do conflito.
Enquanto Israel ameaça invadir Rafah, a resolução americana alerta que a incursão teria "sérias implicações para a paz e segurança na região", segundo a agência Reuters.
A iminente operação acendeu o alerta internacional porque a cidade abriga mais de um milhão de palestinos deslocados pelo conflito. Israel tem justificado que a ação é necessária para derrotar o Hamas e promete dar passagem segura para os civis. Mas não está claro para onde eles iriam já que o Egito tem resistido em abrir a fronteira.
"Nas circunstâncias atuais, uma ofensiva massiva em Rafah resultaria em mais danos para os civis e maiores deslocamentos, potencialmente para países vizinhos, inclusive", diz a resolução ao destacar que Israel não deveria avançar sobre a cidade.
Em apoio a Israel, os EUA têm resistido aos pedidos por cessar-fogo na ONU e já usou o seu poder de veto em duas ocasiões. Os Estados Unidos liberaram apenas outras duas resoluções que focavam na ajuda ao enclave sitiado e nas pausas humanitárias.
O texto apresentado pela diplomacia americana se segue à proposta da Argélia, cuja votação está prevista para esta terça-feira. O representante árabe no Conselho de Segurança pediu cessar-fogo "imediato", que os EUA ameaçaram vetar. Em vez disso, Washington propõe cessar-fogo "assim que possível".
Ao antecipar o veto à resolução da Argélia, a embaixadora americana na ONU, Linda Thomas-Greenfield, disse em nota que o país trabalha há meses em um acordo pela liberação de reféns, que garantiria semanas de calma. "A partir disso, poderíamos então tomar o tempo e as medidas para construir uma paz mais duradoura", acrescentou.
Nas palavras de Thomas-Greenfield, essa continua sendo a melhor oportunidade para resgatar os reféns e garantir uma pausa prolongada, que permitiria a chegada de ajuda humanitária aos palestinos.
O Catar, que tem atuado como um mediador no conflito, por outro lado, disse no sábado que as negociações não estão "progredindo como esperado".
Netanyahu já rejeitou a contraproposta do Hamas, que previa trégua de quatro meses e meio em Gaza. Durante este período, todos os reféns seriam libertados, as tropas de Israel deixaram o enclave e um acordo para o fim da guerra seria costurado. Mesmo diante da crescente pressão internacional, Israel tem dito que a pausa dos combates permitiria a reorganização do grupo terrorista.
A guerra foi desencadeada pelo ataque de 7 de outubro que deixou 1,2 mil mortos em Israel. Outras 240 pessoas foram levadas como reféns e cerca de 130 continuam sob o poder do Hamas em Gaza. Do lado palestino, o conflito já deixou mais de 29 mil mortos, segundo o ministério da Saúde local, que é controlado pelo Hamas. (COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS)