Os republicanos estão caminhando para o que acreditam ser um terreno político mais seguro: um projeto de lei fiscal importante, para reescrever o código tributário, algo que, em tese, pode ser mais fácil do que reformular toda a indústria de saúde. Mas eles podem estar indo na direção de outro campo minado.
Os republicanos se orgulham da unidade ideológica a favor de taxas de imposto mais baixas. “A reforma tributária é menos visceral”, disse o deputado republicano David Schweikert, do Arizona.
Já secretário do Tesouro, Steven Mnuchin, disse na sexta-feira que um projeto de lei fiscal seria “muito mais simples” do que uma revisão de saúde. “Há um apoio muito, muito forte.”
Mas a busca do Partido Republicano para uma revisão completa do código tributário é repleta de disputas e obstáculos processuais. O fracasso do partido na questão da saúde – depois de ter tido sete anos de preparo – mostra como é difícil para os republicanos escrever uma legislação complexa que atraia o apoio de suas alas moderada e conservadora.
Para ter sucesso, os republicanos precisam superar pelo menos três grandes lacunas. Em primeiro lugar, precisam equilibrar as ambições concorrentes de cortar as taxas dos impostos de forma acentuada e retardar o aumento da dívida nacional.
Os líderes republicanos no Congresso dizem que querem um plano neutro em termos de receita, que origine tanto dinheiro quanto o atual sistema tributário. Para atingir a manutenção de receita, em meio a um corte de taxas, eles vão tentar acabar com isenções fiscais populares, tais como as deduções de juros sobre a dívida para as empresas e deduções fiscais locais. Assim, deverão se deparar com a resistência de grupos que querem proteger esses benefícios.
Em segundo lugar, eles precisam conciliar visões diferentes sobre as metas e a respeito de quem irá se beneficiar. Trump disse que sua prioridade é a redução de impostos de classe média.
O Presidente da Câmara, Paul Ryan (republicano que representa Wisconsin), e o Presidente do Comitê de Meios e Arbítrios, Kevin Brady (republicano que representa o Texas) querem uma revisão principalmente focada na promoção do crescimento econômico, mesmo que isso signifique cortes de impostos que favoreçam os mais ricos.
Em terceiro lugar, o partido está em desacordo sobre o plano de Ryan-Brady relativo às fronteiras – tributação das importações e isenção das exportações. O governo Trump tem sido ambivalente e às vezes crítico da ideia. Os republicanos do Senado são francamente alheios ao plano. Ryan e Brady dizem que é crucial, porque garantiria cerca de US$ 1 trilhão para compensar os cortes nas taxas dos impostos corporativos e desencorajaria as empresas a transferir lucros para o exterior.
Nenhuma dessas divisões dentro do Partido Republicano foi resolvida ainda e outros debates devem acontecer, incluindo discussões sobre incentivos fiscais para energias renováveis e os créditos que ajudam as famílias de baixa renda.