A Casa Branca vai suspender as restrições de viagem a partir de novembro para estrangeiros totalmente vacinados contra o coronavírus, encerrando uma proibição imposta ainda no governo de Donald Trump, há um ano e meio, para conter o avanço da pandemia. A medida marca a reabertura dos EUA para turistas, parentes que foram separados de suas famílias e funcionários de empresas que entram no país a trabalho.
“Os viajantes que fornecerem prova de que estão totalmente vacinados antes de embarcarem poderão voar para os EUA a partir do início de novembro”, disse Jeff Zients, coordenador do combate à pandemia da Casa Branca. “As viagens internacionais são essenciais para conectar famílias e amigos, para abastecer pequenas e grandes empresas, para promover o intercâmbio de ideias e cultura.”
O governo americano restringiu as viagens de estrangeiros há pelo menos um ano e meio. Passageiros que estiveram no Brasil nos últimos 14 dias, por exemplo, não estão autorizados a entrar em território americano. A partir de novembro, porém, além da imunização completa, os viajantes também precisarão apresentar um teste negativo para covid realizado pelo menos três dias antes da viagem, de acordo com Zients. A Casa Branca, porém, ainda não explicou quais vacinas serão aceitas.
Americanos não vacinados no exterior que queiram voltar terão de passar por testes mais rígidos. Eles precisarão de um PCR negativo para o coronavírus um dia antes de viajar para os EUA e terão de ser testados novamente após a chegada, segundo as novas diretrizes.
O Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) também emitirá uma ordem direcionando as companhias aéreas a coletar números de telefone e endereços de e-mail de viajantes para um novo sistema de rastreamento de contatos. As autoridades acompanharão os viajantes após a chegada para perguntar se eles estão apresentando sintomas do vírus.
A ação do governo veio na véspera de uma visita do primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, que vinha pressionando o presidente dos EUA, Joe Biden, a suspender a proibição. “É um impulso fantástico para os negócios e para o comércio, e ótimo que famílias e amigos em ambos os lados do Atlântico possam se reunir novamente”, disse o premiê, no Twitter.
As autoridades do Reino Unido esperavam que a Casa Branca anunciasse um relaxamento das restrições em junho, quando Biden esteve na Cornualha, na Inglaterra, para a reunião de cúpula do G-7, e ficaram desapontados quando presidente americano adiou a medida.
Diplomatas brasileiros em Washington receberam a notícia um pouco antes do anúncio oficial. Embora a decisão dos americanos reflita a pressão da Europa, o Itamaraty enxergou como uma vitória. Durante o último ano, o Brasil vem sendo retratado como epicentro da pandemia, com um presidente negacionista que boicotou a vacinação.
Desde maio de 2020, quando as restrições a brasileiros foram impostas, a embaixada do Brasil ficou de fornecer aos americanos dados sobre o avanço da vacinação e a melhora na pandemia. Agora, diplomatas preveem um tortuoso caminho até que os EUA implementem a medida anunciada ontem.
A primeira batalha é para garantir que os americanos aceitem comprovantes de vacinação de todos os imunizantes autorizados pela Organização Mundial da Saúde (OMS). O cenário mais desfavorável seria a liberação apenas de vacinas autorizadas pelos EUA, o que deixaria de fora os brasileiros que receberam Coronavac e AstraZeneca – também largamente usada na Europa. Resta saber o tamanho do esforço do governo de Jair Bolsonaro para convencer os americanos a aceitarem uma vacina criticada constantemente por ele. (Com agências internacionais)
As informações são do jornal <b>O Estado de S. Paulo.</b>