O primeiro-ministro da Hungria, Viktor Orban, deve visitar o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, na Casa Branca na segunda-feira. O movimento marca uma reversão política para um governo preocupado com a possibilidade de que a Hungria esteja se afastando da órbita de Washington.
Orban, que lidera a Hungria desde 1998, se voltou para os EUA no início dos anos 2000 e, em 2016, tornou-se um dos poucos chefes de governo europeus a endossar a candidatura presidencial de Trump.
O Departamento de Estado e o assessor de segurança nacional dos EUA acreditam, entretanto, que o primeiro-ministro húngaro se inclinou muito para Moscou, disseram fontes do governo norte-americano, acrescentando que a Hungria adotou tecnologia chinesa e resistiu aos esforços de Washington de convencer a Hungria a comprar mais gás dos EUA e menos da Rússia.
Logo após os ataques de 11 de setembro, o presidente George W. Bush se recusou a convidá-lo para a Casa Branca depois que o premiê não criticou um legislador de extrema direita que disse que os EUA mereciam os atentados. Quando ele perdeu a disputa para reeleição em 2002, o embaixador da Hungria nos EUA, Geza Jeszenszky, disse que Orban acreditava que o movimento de Bush “contribuiu para sua inesperada derrota”.
Desde então, Orban venceu com facilidade suas últimas três eleições e, ao longo de seus quatro mandatos combinados, declarou a meta de expurgar a sociedade húngara de socialistas, liberais e globalistas como parte de sua visão da chamada democracia iliberal, que ele diz ser inspirada em governos mais autoritários no Oriente. “Hoje os países mais bem sucedidos do mundo são os que têm os sistemas políticos mais estáveis”, disse Orban, em discurso em abril no Casaquistão. “O equilíbrio entre o Oriente e o Ocidente mudou.”
Embora a Hungria seja um membro da Organização do Tratado do Atlântida do Norte e tenha enviado tropas ao Afeganistão, sucessivos presidentes dos EUA tentaram isolar Orban, incluindo, Trump, no inicio do mandato. O presidente da Rússia, Vladimir Putin, por sua vez, tem se encontrado com ele anualmente, elogiando o primeiro-ministro.
A reunião, que EUA e Hungria dizem que provavelmente não produzirá nenhum compromisso firme, fará de Orban o último chefe do governo em sua região a visitar Trump na Casa Branca. Autoridades dos EUA disseram que a mudança de posição é uma concessão de que os EUA não têm mais o mesmo peso no leste da Europa.
Nos últimos 18 meses, os EUA tentaram acalmar Orban, cancelando ajuda que teria financiado a mídia independente em áreas rurais, onde praticamente a única cobertura de televisão e rádio é pró-Orban.
Em troca, os EUA pressionaram o premiê a ratificar um acordo de defesa que inclui a compra de um sistema de mísseis terra-ar dos EUA, juntamente com a diversificação das usinas de energia da Hungria para longe do gás russo. O embaixador dos EUA na Hungria, David Cornstein, pressionou Orban a desistir de sua campanha para expulsar a Universidade Central Europeia de artes liberais financiada pelo bilionário George Soros.
Esses esforços falharam até agora: a universidade está deixando a Hungria depois de anos do que chama de intimidação, o Parlamento não ratificou o acordo de defesa e Orban planeja lançar um novo gasoduto que transporte mais gás russo para o país.
Orban visitou Pequim em abril para discutir duas importantes linhas ferroviárias que ele prometeu construir com financiamento chinês. O porta-voz de Orban Zoltan Kovacs disse que a aproximação com a China feita é uma demonstração pública de uma política que muitas potências ocidentais estão adotando. “O que fazemos abertamente, os europeus ocidentais fazem sem muita publicidade.” Fonte: Dow Jones Newswires.