EUA vão dobrar meta para reduzir emissões de gases para pressionar aliados

Os Estados Unidos vão aumentar na próxima semana a meta de reduzir suas emissões de gases causadores do efeito estufa em 50% até 2030, quase o dobro do anteriormente prometido, disseram duas fontes familiarizadas com o assunto à agência Reuters.

O anúncio será feito durante a Cúpula de Líderes sobre o Clima, organizada pelo presidente Joe Biden. Com isso, os EUA esperam garantir, também, compromissos mais ambiciosos dos 40 chefes de Estado e governo convidados para a cúpula, entre eles o presidente Jair Bolsonaro.

Uma redução de 50% dessas emissões em relação aos níveis de 2005, no âmbito dos compromissos voluntários previstos pelo Acordo de Paris sobre o clima, é o que está sendo exigido por organizações ambientalistas, empresas e o Parlamento Europeu.

Se confirmada, será a primeira atualização da meta dos americanos desde 2015, quando o acordo foi assinado e o ex-presidente Barack Obama prometeu uma redução de 26% a 28% até 2025. O Brasil, por exemplo, estabeleceu a meta de reduzir as emissões em 37% até 2025 e em 43% até 2030, também em relação a 2005.

A cúpula virtual de 22 a 23 de abril, com início no Dia da Terra, será uma oportunidade para Biden reivindicar a liderança dos EUA na questão climática, após quatro anos nos quais seu antecessor, Donald Trump, minimizou a questão para apoiar as indústrias de petróleo e carvão e retirou os EUA do Acordo de Paris.

O enviado climático de Biden, John Kerry, passou os últimos meses em reuniões online e em uma turnê mundial, que está sendo concluída nesta semana na China e na Coreia do Sul, após passar por Índia, Reino Unido, Bangladesh e Emirados Árabes Unido.

Ele busca persuadir os países a usar a cúpula da próxima semana para aumentar seus compromissos com o ambiente antes da conferência da ONU sobre o clima, a COP-26, marcada para novembro em Glasgow, na Escócia.

Até agora, as promessas já feitas reduziriam apenas 1% das emissões globais até 2030 em comparação com os níveis de 2010, apenas uma fração do que os cientistas dizem ser necessário para evitar os piores impactos das mudanças climáticas.

O Acordo de Paris tenta evitar que as temperaturas globais aumentem mais de 1,5 grau Celsius em relação aos níveis pré-industriais. Para chegar lá, o mundo teria que neutralizar as emissões de gases do efeito estuda até 2050.

Como já prometeram os EUA e a União Europeia, Biden quer que todos os participantes da cúpula assumam o compromisso de alcançar a neutralidade climática, ou seja, a neutralização de todo o carbono emitido, até 2050. O Brasil, por exemplo, se comprometeu a fazê-lo até 2060, e Bolsonaro disse, em uma carta enviada a Biden, que só poderia antecipar essa meta se recebesse fundos.

Fazer com que os países ricos contribuam mais, porém, é um obstáculo. Em 2009, eles prometeram arrecadar US$ 100 bilhões por ano em financiamento climático para nações vulneráveis até 2020. Mas eles não estão no caminho certo para cumprir essa promessa, disse Nisha Krishnan, associada sênior de finanças climáticas do Instituto de Recursos Mundiais.

"Estamos em um ponto crítico em que há uma necessidade urgente de uma nova liderança no debate sobre o financiamento do clima", afirmou. "As necessidades de financiamento estão aumentando."

Apesar disso, John Kerry pode contar com alguns dos aliados próximos dos EUA para mostrar seu apoio. O Canadá planeja apresentar metas mais agressivas este mês. O primeiro-ministro do Japão, Yoshihide Suga, que se encontrará com Biden, está atualmente discutindo planos para compromissos mais firmes para 2030, disse o ministro do Meio Ambiente, Shinjiro Koizumi, à agência Bloomberg, na quarta-feira. (Com agências internacionais).

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