Estadão

Eurasia vê chance de Lula em 65% e Bolsonaro sem apoio para golpe

Um relatório da empresa americana de consultoria política Eurasia Group aponta que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) tem 65% de chances de vencer as eleições em outubro, mas que a corrida presidencial deve ficar mais acirrada à medida que o pacote de bondades distribuído pela PEC "Kamikaze" e a redução do preço dos combustíveis comecem a fazer efeito para a campanha do presidente Jair Bolsonaro (PL).

Apesar das investidas do chefe do Executivo contra o sistema eletrônico de votação, a consultoria americana vê como baixo o risco de ruptura institucional no País. Segundo a avaliação da empresa, é improvável que as Forças Armadas embarquem numa eventual tentativa de golpe, já que não haveria condições políticas ou apoio das instituições para fazê-lo.

Contudo, o documento indica uma possível escalada da violência no Brasil durante a campanha eleitoral. O risco será maior, segundo a consultoria, no intervalo entre o primeiro e o segundo turnos, quando há chances de haver protestos e ataques a prédios públicos. A possibilidade de uma nova greve dos caminhoneiros também está no radar.

Um importante motivo levantado pela Eurasia para o aumento da tensão no País é a tentativa do presidente Bolsonaro de descredibilizar o sistema eletrônico de votação. Mesmo sem apoio das Forças Armadas (o que tornaria um golpe inviável), na avaliação da consultoria, os apoiadores do presidente podem tumultuar o processo eleitoral se não concordarem com o resultado das urnas.

"Há o risco de os resultados eleitorais serem contestados pela base de Bolsonaro se ele perder, pois ele continua a se chocar com os ministros e a criticar o voto eletrônico", diz o relatório. Na última segunda-feira, 18, o chefe do Executivo convidou embaixadores estrangeiros ao Palácio da Alvorada para desacreditar as urnas eletrônicas e criticar os ministros do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

Quanto às polícias estaduais, o documento vê como improvável que haja insubordinação direta dos policiais, "mas, em Estados estratégicos, os oficiais podem fechar os olhos para os protestos, facilitando a escalada da violência".

A Eurasia aponta ainda que a hipótese de assassinato de Lula ou Bolsonaro deve ser observada com atenção. "No cenário extremo em que um dos dois candidatos for morto, quem entrar em seu lugar provavelmente vai se beneficiar disso", afirma a consultoria.

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