O Vasco acabou sendo prejudicado pela arbitragem no jogo em que empatou por 1 a 1 com a Chapecoense, na noite desta quinta-feira, no Maracanã, em resultado que deixou a equipe com 28 pontos na penúltima posição do Campeonato Brasileiro.
O juiz Ricardo Marques Ribeiro assinalou um pênalti polêmico por um toque de mão de Rodrigo, em um lance em que claramente o zagueiro não teve como tirar o braço em chute frontal disparado a poucos metros dele, aos 40 minutos do segundo tempo. E, apenas dois minutos depois, o árbitro deixou de marcar um pênalti cometido por Tiago Luís, que levantou o braço e colocou a mão na bola em cruzamento na área do time de Santa Catarina, aos 40 minutos da etapa, em penalidade que poderia garantir aos vascaínos uma vitória por 2 a 1.
Após o confronto, o presidente do Vasco, Eurico Miranda, não escondeu a sua revolta com a arbitragem e fez graves acusações contra o vice-presidente da CBF e o presidente da Federação Catarinense de Futebol, Delfim Pádua, e contra o presidente da comissão de arbitragem da CBF, Sérgio Correa, assim como cobrou medidas a serem tomadas pelo presidente da entidade, Marco Polo Del Nero.
“A coisa está ficando escandalosa, mas não adianta lamentar porque os pontos estão perdidos mesmo. Vou especificar o que está ocorrendo. No jogo contra o Avaí, tivemos um pênalti claríssimo, escandaloso, no Jorge Henrique que não foi dado e culminou com o empate. Tivemos quatro jogadores fora da partida seguinte. O que eu faço? Não fiz nenhum estardalhaço. Falei com a comissão de arbitragem e apenas me disseram que efetivamente tinha acontecido erro. É uma situação que demonstra claramente a culpa da comissão de arbitragem e de quem tem poder sobre ela, que é a CBF. Tem um jogo político muito forte na CBF. O presidente está para sair. Só não saiu ainda porque tem um opositor, e este é o presidente da Federação Catarinense de Futebol, que tem quatro clubes envolvidos na luta contra o descenso”, afirmou Eurico, ao iniciar o seu pronunciamento no Maracanã.
Em seguida, o polêmico dirigente vascaíno insinuou que Delfim Pádua está pressionando os árbitros, assim como o acusou de ir ao vestiários antes dos jogos, o que teria acontecido na partida que o Vasco disputou contra o Avaí, no último dia 4, em Florianópolis.
“Ele (Pádua) está mostrando claramente qual é a sua posição, até mesmo com a criação desta ilegal e imoral Liga (Sul-Minas-Rio). Ela possui grandes clubes do futebol brasileiro e, nada mais, nada menos, que quatro times de Santa Catarina. É evidente e claro que tem interferência direta na arbitragem. Não estou dizendo que o compram o árbitro, nada disso. Apenas que ele recebe alguns comunicados antes da partida. O presidente da Federação Catarinense vai ao vestiário dos árbitros, coisa que, em tese, é proibida. O que ele vai dizer para os árbitros? Que ele vai apitar bem? Ou vai dizer que em breve estará na CBF e que em breve ele pode estar no quadro da Fifa?”, afirmou.
Já ao comentar a atuação da arbitragem no jogo entre Vasco e Chapecoense, ele disse que o que aconteceu no confronto “foi um escândalo”. “Se marcou um pênalti quando a bola bateu na barriga do nosso jogador. Ele deve ter marcado porque alguém mandou ele marcar por algum aparelho de comunicação, um ponto eletrônico. Alguém deve ter dito a ele. Tanto que, quando o árbitro marca um pênalti com convicção, ele marca com convicção. Não foi pênalti e, se não ficou caracterizada a má intenção dele, esse ponto eletrônico não funcionou da mesma maneira nos outros lances. Tiveram dois lances também claros para o Vasco! Diz ele que aquilo (o pênalti cometido por Tiago Luís) foi bater a bola na mão. Aquilo foi uma raquetada dentro da área. E não foi pênalti!? Dizer que ele não viu!? Não satisfeito, também deve ter sido o ponto, ele falou que a falta no Riascos foi fora da área. Foi dentro! Ele deixou de marcar dois pênaltis para o Vasco”, reclamou.
Eurico ainda chegou a fizer que “está absolutamente claro que querem nos impedir de alcançar o nosso objetivo”, que é evitar o rebaixamento à Série B do Brasileiro, e depois prometeu agir: “Não vou aceitar e não vou assistir passivamente isso. Estou fazendo uma constatação, chamando uma responsabilidade. Este departamento de arbitragem é absolutamente incompetente e eu espero que, é mera suposição, a coisa esteja acontecendo por este motivo, e que não tenha outras coisas por trás disso. Aí sim, se o presidente da CBF está vivendo problemas hoje, vai acabar vivendo problemas muito maiores”.
Ao usar o tom de ameaça, o dirigente fez questão de enfatizar que “não está pedindo para ser beneficiado de uma forma ou de outra, até porque nunca pediu uma escalação de árbitro”, mas acusou os responsáveis pela arbitragem de agirem com “muita desfaçatez”.
Eurico também disse que Pádua afirmou que apenas dois dos quatro times catarinenses que hoje lutam contra o rebaixamento no Brasileirão irão cair para a Série B, assim como cobrou ações por parte de Marco Polo del Nero.
“É muito difícil você ver uma equipe motivada, que está trabalhando e buscando atingir o objetivo, ser prejudicada na sua caminhada. Não estou mandando recado, estou afirmando! Que o presidente da CBF que tome as providências imediatas sobre esta comissão de arbitragem. E investigue se é permitido o que o presidente da Federação Catarinense está fazendo, porque é muita coincidência. As equipes que estão envolvidas nesse problema do descenso são dessa federação. E o presidente já disse que, se cair, caem dois. Só ver quais são os clubes que estão disputando. Tirando os de Santa Catarina, sobram Vasco e Coritiba. Se dois vão se salvar, então Vasco e o Coritiba irão cair”, afirmou.
Em seguida, ao encerrar o seu pronunciamento, Eurico afirmou existir uma trama para que o Vasco não se livre do rebaixamento e seja um dos quatro clubes que cairão para a Série B. Baseado nesta acusação, o dirigente cobrou uma investigação contra o presidente da Federação Catarinense de Futebol.
“A CBF tem que investigar a ida desse Delfim no vestiário dos árbitros, o que é absolutamente proibido! É muito fácil chegar aqui e dizer: o Vasco está sendo roubado. O caso não é esse, é questão de que algo está sendo tramado para impedir que o clube alcance seu objetivo. Repito, eles têm obrigação de apurar esta denúncia. Não fazendo, demonstram mais uma vez que estão temerosos das consequências que podem advir, de querer confrontar com o Delfim. As televisões viram os lances, comentaram. Essa é afirmação que eu queria fazer”, finalizou.