Depois de abrirem em baixa após a "onda azul" não se materializar nas eleições dos Estados Unidos, ao menos nesta madrugada, os mercados acionários europeus operam sem rumo único. As atenções estão voltadas para a contagem de votos na corrida pela Casa Branca, cada vez mais acirrada e que, por ora, deixa o resultado incerto. Em paralelo, os mercados acompanham a divulgação de dados do setor de serviços na zona do euro, com a preocupação sobre a dinâmica da pandemia por lá.
Às 7h28 desta quarta-feira (de Brasília), o índice pan-europeu Stoxx-600 tinha elevação de 0,11%, aos 356,42 pontos.
Ao redor do globo, os investidores estão concentrados no voto a voto nas eleições dos EUA. A disputa pela Casa Branca está apertada e não se sabe, até o horário acima, quem a levará a melhor. O democrata Joe Biden tinha 238 votos no colégio eleitoral enquanto o presidente Donald Trump tinha 213. São necessários 270. Nas eleições de 2016, Trump teve 304 votos no colégio eleitoral.
"É certo que o presidente Trump foi muito melhor do que o esperado… Os resultados na Geórgia, Wisconsin, Michigan e Pensilvânia serão decisivos e Biden provavelmente só precisa vencer dois deles para reivindicar a vitória", avaliam os analistas do banco dinamarquês Danske Bank.
Como se o clima já não tivesse quente o suficiente, Trump disse na madrugada desta quarta-feira que o partido Republicano já ganhou a reeleição, que há uma "fraude enorme" e que irá à Suprema Corte para parar a apuração dos votos, confirmando a ameaça já feita. Por sua vez, o democrata Joe Biden manteve a esperança. "Mantenham a fé, caras. Vamos vencer isso", escreveu, em seu perfil no Twitter.
Para os economistas do banco alemão Commerzbank, Bernd Weidensteiner e Christoph Balz, não está claro quem será o vencedor das eleições e a falta de clareza não ajuda os mercados. "Pode agora demorar dias até que o vencedor seja determinado. Um resultado tão pouco claro é o mais desagradável para os mercados", dizem, em comentário a clientes.
Com o impasse nas eleições americanas e o atraso da contagem de votos em Estados-chave, os investidores digerem dados do setor de serviços na Europa no mês de outubro – e retomam a preocupação com a segunda onda de covid-19. Enquanto os índices de gerentes de compras da zona do euro e da Alemanha superaram a leitura prévia, no Reino Unido o indicador foi ao menor nível desde junho.
Já o índice de preços ao produtor (PPI, na sigla em inglês) da zona do euro veio em linha. Subiu 0,3% em setembro ante agosto, segundo dados publicados hoje pela Eurostat.
A economista para a zona do euro da Oxford Economics, Maddalena Martini, vê com preocupação a deterioração das perspectivas de curto prazo do bloco confirmada nos dados de hoje. "Com a confiança também impactada pela recente dinâmica da pandemia, a recuperação já foi interrompida após a retomada no terceiro trimestre, e os serviços sofrerão ainda mais com as medidas de bloqueio mais rígidas", avalia ela.
Enquanto nos mercados asiáticos, a suspensão da oferta pública inicial de ações (IPO, na sigla em inglês) do Ant Group, a maior do mundo, pesou por lá, na Europa, atenção para os setores bancário e automobilístico, em baixa nesta manhã. As ações da alemã BMW tinham queda de 1,7% e do HSBC, com sede em Londres, de 4%.
Nas praças acionárias do Velho Continente, as bolsas operavam sem direção única. Também às 7h28, em Londres, o índice FTSE 100 tinha alta de 0,07%, e o CAC 40, de Paris, de 0,11%, mas o DAX, de Frankfurt, caía 0,21%. No mesmo horário, o FTSE MIB, de Milão, apresentava queda de 0,20%, o IBEX 35, de Madri, baixava 1,25% e o PSI 20, de Lisboa, registrava desvalorização de 1,60%.