Europa está submersa em incertezas e apoio monetário ainda é necessário, diz BCE

A Europa ainda está "submersa" em incertezas diante do impacto persistente da pandemia de coronavírus, com alguns países enfrentando uma terceira onda de casos de covid-19, afirmou a presidente do Banco Central Europeu (BCE), Christine Lagarde. Por isso, o apoio monetário adotado pela instituição deve continuar até que a crise sanitária no continente termine, observou a dirigente, durante evento organizado pela agência <i>Reuters</i> nesta quarta-feira, 14.

Entre os riscos à economia europeia, Lagarde citou um provável número maior de falências na zona do euro em 2021. Para reduzir o escopo deste fenômeno, será importante que governos ajudem a manter o sistema bancário sustentado e distinguir riscos à solvência e à liquidez para alocar melhor o suporte fiscal, avaliou a presidente do BCE. A vacinação lenta na Europa e em boa parte do mundo também a preocupa, segundo disse Lagarde.

Há, porém, bons sinais vindos dos Estados Unidos à economia europeia. Os investimentos em infraestrutura pretendidos pelo governo de Joe Biden podem aumentar o Produto Interno Bruto (PIB) da zona do euro em 0,3%, enquanto os estímulos fiscais já lançados devem adicionar mais 0,15% à inflação da região até 2023, segundo Lagarde.

Ela também comentou que os impactos positivos do apoio fiscal deve se concentrar em 2022, mesmo ano em que o BCE prevê uma retomada do crescimento da economia europeia aos níveis anteriores à pandemia.

<b>Euro digital</b>

Segundo a presidente do BCE, há uma "demanda clara" de consumidores por sistemas de pagamento e uma moeda digital na zona do euro. Entre os dados que indicam esta demanda, Lagarde citou que a maioria dos holandeses já não utiliza dinheiro físico como principal forma de transação monetária, enquanto o uso do euro físico na Alemanha também sofreu uma forte redução nos últimos anos.

A dirigente reiterou, entretanto, que uma possível moeda digital não substituirá o dinheiro em espécie.

Lagarde ainda alertou para uma maior exposição à ciberataques no sistema financeiro europeu com a entrada de novos atores, como as plataformas de pagamento digitais.

Ela também disse que, antes de criar uma moeda digital, será necessário se certificar que o instrumento não ajudará a financiar atividades criminosas, como terrorismo e lavagem de dinheiro. Uma pesquisa do BCE, divulgada mais cedo, apontou para a privacidade dos consumidores como a principal preocupação em relação ao lançamento do euro digital.

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