A Agência Espacial Europeia (ESA) fez história na semana passada ao selecionar um homem que perdeu uma perna em um acidente de moto para fazer parte de seu novo grupo de astronautas, marcando um avanço em sua ambição de ser a primeira a enviar alguém com deficiência física para o espaço. John McFall, um britânico de 41 anos que perdeu a perna direita aos 19 e competiu na paralimpíada, chamou sua seleção de "uma verdadeira virada e um marco na história".
"A ESA tem o compromisso de enviar ao espaço um astronauta com deficiência física. É a primeira vez que uma agência se esforça para se aventurar em um projeto desse porte. E envia uma mensagem muito, muito forte para a humanidade", disse ele.
O parastronauta se junta a cinco astronautas de carreira na seleção final revelada durante uma coletiva de imprensa em Paris. É o primeiro recrutamento da agência em mais de uma década, com o objetivo de diversificar as viagens espaciais. A lista inclui ainda duas mulheres: Sophie Adenot, da França, e Rosemary Coogan, do Reino Unido, novas embaixadoras de um grupo muito sub-representado entre os astronautas europeus. Uma pequena minoria daqueles que exploraram o espaço é de mulheres, e a maioria, americanas.
A lista da ESA, no entanto, inclui apenas pessoas brancas. O processo de contratação não visou especificamente à diversidade étnica, embora enfatizasse a importância de "representar todas as partes da nossa sociedade". O novo grupo foi selecionado entre mais de 22.500 candidatos e sua primeira missão em órbita pode ocorrer a partir de 2026.
McFall seguirá um caminho diferente de seus colegas porque participará de um estudo de viabilidade inovador para explorar se a deficiência física afeta as viagens espaciais. É um território desconhecido, já que nenhuma grande agência espacial ocidental jamais enviou um parastronauta ao espaço. O britânico conquistou a medalha de bronze nos 100 metros na Paralimpíada de Pequim.
Falando com orgulho e emoção, McFall disse que estava excepcionalmente apto para a missão por causa da energia em sua mente e corpo. "Eu me sinto muito confortável comigo mesmo. Perdi uma perna há mais de 20 anos, tive a oportunidade de ser paratleta e me explorei muito emocionalmente. Todos esses fatores e adversidades da vida me deram confiança e força, a capacidade de acreditar que sou capaz de fazer tudo o que me propus a fazer", afirmou. "Nunca sonhei em ser astronauta. Foi só quando a ESA anunciou que estava procurando um candidato que meu interesse realmente despertou."
As informações são do jornal <b>O Estado de S. Paulo.</b>