No momento em que o Brasil continua a registrar recordes de mortes provocadas pela covid-19, o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, afirmou neste sábado, 3, que a "ordem" é evitar a política de lockdown. Ponderou, no entanto, que é preciso "fazer o dever de casa".
"Nós estamos trabalhando sim com protocolos para orientar a população brasileira, sobretudo os que usam transporte público, para fazer isso de forma mais ordenada, a fim de evitar fechamento da nossa economia", disse Queiroga em coletiva à imprensa após reunião com a Organização Mundial da Saúde (OMS). "Precisamos nos organizar para que evitemos medidas extremas e consigamos garantir que pessoas continuem trabalhando e ganhando seu salário, deixando situações extremas para outro caso. Então evitar lockdown é a ordem, mas temos que fazer nosso dever de casa, e dever não é só do governo federal, estadual ou municípios. É de cada um dos cidadãos", afirmou o ministro.
Apesar da "ordem" de dispensar o lockdown, de acordo com o que pensa o presidente Jair Bolsonaro, diversas orientações de Queiroga mostram o contraponto no discurso do ministro em relação ao mandatário. Queiroga repetiu o apelo para que a população use máscara de proteção, faça a higiene das mãos, não promova aglomerações e pratique o distanciamento físico.
"Vamos continuar trabalhando e aproveito a oportunidade para nessa época de Páscoa solicitar para cada um dos brasileiros que use as máscaras. Aproveitem o feriado para não fazer aglomerações, é fundamental, assistimos muitas vezes população fazendo festas, sem máscaras. Isso não é adequado, precisamos que cada um colabore", disse o ministro.
Ainda pela manhã, Bolsonaro fez um passeio junto do ministro da Defesa, Walter Braga Netto, em Brasília. Sem máscara à vista fez uma transmissão ao vivo nas redes sociais, durante visita à Casa de Maria Beth Myriam, que distribui sopas em Itapoã, região administrativa do Distrito Federal.
No vídeo, Bolsonaro falou com presentes no local, enquanto comia uma sopa, e voltou a criticar medidas adotadas por governadores para incentivar o distanciamento social. "Somos contra o fecha tudo", disse o presidente.
<b>Vacinação do presidente</b>
Na entrevista à imprensa dada nesta manhã, pouco tempo após a saída de Bolsonaro, o ministro da Saúde foi questionado sobre se o presidente tomaria ou não a vacina neste sábado. "Essa questão do presidente se vacinar é privada, não me falou nada disso", afirmou Queiroga, que em diversas vezes afirmou que a campanha de vacinação é prioridade. "Presidente ligou para mim e falou da questão de usar as Forças Armadas para apoiar a campanha de vacinação, mas ele não me falou se ia se vacinar hoje", respondeu o ministro da Saúde.