Na função de diretor administrativo do Hospital Stella Maris, de janeiro de 2005 a junho de 2010, o administrador, advogado e professor universitário, Carlos Jones Pereira, declara que por se tratar de uma instituição filantrópica as dificuldades financeiras sempre existiram, mas durante sua gestão o hospital ficou isento de dívidas.
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"Logo que me desliguei do HSM, fiz questão de levantar todos os documentos que demonstram a qualidade financeira, enquanto ocupava o cargo de administrador. Tenho uma série de certidões negativas registradas em cartórios, que comprovam a inexistência de débitos", relata Pereira.
No entanto, a direção do hospital contesta tal informação, porque – através de uma auditoria – teria ficado provado que o ex-administrador deixou uma dívida de R$ 35 milhões e por causa de sua má gestão o montante, hoje, passa dos R$ 45 milhões.
A irmã Sebastiana Machado Ribeiro, coordenadora geral da escola de enfermagem do Stella Maris, afirma que o administrador foi criado pela própria Congregação. Entretanto, Pereira explica que tinha apenas uma relação muito próxima com as irmãs porque a casa dos pais era vizinha de outra instituição mantida pelas Filhas de Nossa Senhora Stella Maris – Parque Infantil Santa Terezinha, no Gopoúva.
O administrador iniciou sua carreira profissional no HSM em 1978, aos 15 anos, como office boy. Depois de se formar em administração e direito, passou a exercer a função de gerência. Com pós-graduação em administração hospitalar e mestrado em administração assumiu a função de diretor administrativo.
Pereira comenta que o HSM é a única fonte de receita da Congregação e que através das verbas destinadas somente para o hospital outras casas são sustentadas e mantidas. Como é o caso das instituições de Guarulhos – Pensionato São Francisco de Assis, Núcleo Stella Maris, Parque Infantil Santa Terezinha – e da Associação Santa Terezinha, em Carapicuíba.
Prefeitura irá antecipar apenas R$ 1,08 milhão
Durante a reunião realizada ontem, entre a direção do HSM e a prefeitura, ficou acordado que a instituição receberia a partir de segunda-feira um adiantamento de R$ 1.088.000,00, equivalente a uma parte da verba de agosto. O valor é bem menor dos R$ 8 milhões que a diretoria diz precisar ainda nesta semana.
A Secretaria Municipal de Saúde se responsabilizou em comprar alguns insumos para o hospital, mas não estipulou data e nem definiu a quantidade dos materiais que serão enviados.
Segundo a direção do hospital, o prefeito Sebastião Almeida (PT) afirmou que não seria possível convocar uma sessão extraordinária na Câmara Municipal, porque a maioria dos vereadores está viajando.
Um ato público será realizado nesta quinta-feira, às 9h, no Paço Municipal, com os funcionários do HSM para pressionar a prefeitura para um repasse urgente à entidade. A iniciativa é do Sindicato dos Técnicos, Tecnólogos e Auxiliares em Radiologia no Estado de São Paulo (Sintaresp) em defesa dos trabalhadores e de todas as categorias do hospital.
De acordo com a Secretaria de Estado de Saúde, o repasse para o HSM ainda está sendo avaliado.