Presa preventivamente na Operação Ptolomeu, em dezembro de 2021, a assessora Rosângela Gama, que foi chefe de gabinete do governador do Acre, Gladson Cameli (PP), ganhou um novo cargo após conseguir autorização judicial para aguardar a conclusão das investigações em liberdade: ela foi nomeada assessora técnica do Tribunal de Contas do Estado (TCE-AC).
A indicação é assinada pelo presidente do TCE, José Ribamar Trindade de Oliveira, para quem Rosângela vai trabalhar. O cargo no gabinete do conselheiro é comissionado, ou seja, não exige aprovação em concurso público.
Procurada pela reportagem, a Corte de Contas informou que a assessora "possui formação e experiência profissional para exercer o cargo" e que "não há nenhuma decisão judicial que a impeça" de assumir a função.
Rosângela foi filmada pelas câmeras de segurança de um hotel em Cruzeiro do Sul, município a 636 quilômetros de Rio Branco, tentando esconder um celular para evitar que ele fosse apreendido pela Polícia Federal na primeira fase da Operação Ptolomeu. Ela estava na cidade para acompanhar o governador em agenda.
O Superior Tribunal de Justiça (STJ) autorizou a prisão da assessora por tentativa de destruir "provas essenciais" para a investigação.
A investigação da Operação Ptolomeu mira em indícios de um suposto esquema de propinas em troca do direcionamento de licitações, contratações superfaturadas e a confirmação de recebimento de mercadorias não entregues e de serviços não prestados na área da Saúde e em obras públicas.
Procurado pela reportagem, o Tribunal de Contas do Acre se manifestou sobre o caso. "A senhora Rosângela Gama possui formação e experiência profissional para exercer o cargo para o qual foi nomeada. No Brasil, vigora o princípio da presunção da inocência e, até onde o TCE/AC está informado não há nenhuma decisão judicial que a impeça de exercer tal função pública. Pela natureza comissionada do cargo, se eventualmente for constatado pelo Poder Judiciário algum tipo de impedimento, a nomeação será prontamente desfeita."