Variedades

Ex-mansão de banqueiro abriga nova minissérie da Globo

Estamos no set de Felizes para Sempre, minissérie da Globo em dez capítulos que inaugura o cinquentenário da emissora, em janeiro de 2015. Trata-se de uma releitura da série Quem Ama não Mata, de 1982, reescrita pelo mesmo Euclydes Marinho, agora sob direção de Fernando Meirelles. Entre fios, luzes, câmera e ação, alguém avisa para retirar “aquele Portinari dali”. Mas “o Volpi, ah, o Volpi pode ficar onde está”. Não são réplicas. São algumas das 800 obras do acervo que foi de Edemar Cid Ferreira, sendo o cenário localizado na própria mansão que foi do ex-banqueiro, no bairro do Morumbi, São Paulo.

Foi a primeira vez que alguém fez uso do imóvel desde a falência do Banco de Santos. “E provavelmente, a última”, avisa Meirelles, responsável pela intermediação entre a massa falida responsável pelo imóvel e a Globo. No início do ano que vem, a mansão vai a leilão – há até comprador interessado, dizem. Mas, se ninguém comprar, o local pode virar museu.

“O cara contratado para administrar isso aqui, coincidentemente, é meu amigo de colégio, e me falou disso há mais de um ano, num jantar”, contou Meirelles à reportagem do Estado, único veículo a acompanhar uma gravação lá. “Quando apareceu o projeto da série, perguntei a ele se a massa falida não gostaria de alugar a casa. Afinal, isso também ajudaria a cobrir os gastos”, conta o diretor. As contas da manutenção consumiam R$ 60 mil por mês. Ao ocupar o imóvel, a Globo contratou uma empresa especializada em armazenar obras de arte, que concentrou quase tudo em um cômodo, reduzindo a conta do ar condicionado em R$ 8 mil mensais na conta de luz. Funcionários da empresa contratada ficavam a postos até o fim das gravações, mesmo de madrugada, para o caso de alguém precisar remover qualquer peça do lugar, mesmo por centímetros.

E a conta da produção? Sai mais barato que a locação de um estúdio?, pergunto a Meirelles. “Dá mais ou menos na mesma”, ele despista – com a diferença, essencial, de que não se encontra um Portinari em qualquer parede. E com 4 mil metros quadrados de área construída sobre 12 mil metros quadrados, o diretor recriou três cenários. Além da sala de estar do casal Maria Fernanda Cândido e Enrique Diaz, reproduzida na sala de ginástica da mansão, um quarto virou consultório da personagem de Adriana Esteves e outro, a kitchenette de Dani Bond, prostituta de luxo interpretada por Paolla Oliveira, cuja namorada (Martha Nowill), desconhece seu ofício.

O ponto de partida dessa releitura continua sendo a presença de cinco casais e suas relações de vida, com boa dose de aparências e mentiras, mais um crime passional para coroar o enredo. É só. Todo o restante se diferencia da série de 82, dos personagens ao cenário. Agora, em vez de Niterói, onde Marinho até gostaria de voltar, estamos em Brasília, opção do diretor. “Joguei meio duro com ele”, reconhece Meirelles, rindo: “Disse que se não fosse Brasília, eu não sabia se ia dar pra fazer. Brasília não tem fios, aquilo é uma maravilha.”

Embora o poder do Planalto Central reforce as cores do contexto da série, as relações humanas, assim como no original, são as protagonistas. “É uma história sobre dilemas morais”, sintetiza Maria Fernanda Cândido, completando que cada episódio é aberto com uma pergunta. No dia em que acompanhamos a gravação, ela e o marido, por iniciativa dela, contratam Dani Bond para uma experiência inédita de ménage à trois, recurso para aquecer um casamento que beira a monotonia. Culta, Dani faz referências a Churchill e até se arrisca no piano. Mas a noite acaba sem o planejado sexo a três.

O elenco se completa com Cássia Kis Magro, João Miguel, Selma Egrei, Carol Abras, Silvia Lourenço, Teca Pereira, Gero Camilo, Bel Kovarick, Fafá Rennó, Rodrigo dos Santos, Bruno Giordano, Claudia Alencar e Antonio Saboia. O título também traz Perfeito Fortuna para a TV e apresenta João Baldasserini, em quem Meirelles aposta alto, e Mateus Fagundes. A direção dos episódios é dividida com Paulo Morelli, Luciano Moura e Rodrigo Meirelles.

Até o momento, juram os atores, ninguém sabe nem quem morre na história, muito menos quem mata. “Todo mundo tem motivo para morrer e para matar”, antecipa Meirelles.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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