O ex-presidente da Alemanha Richard von Weizsaecker, que ocupou o cargo durante dez anos, morreu aos 94 anos. O gabinete do presidente Joachim Gauck anunciou a morte neste sábado.
Weizsaecker foi um aristocrata e uma eloquente figura que durante sua presidência, entre 1984 e 1994, deu outro significado ao cargo, basicamente cerimonial, que passou a ser a consciência moral da nação.
O discurso de Weizsaecker em maio de 1985, que marcou o 40º aniversário da derrota nazista na Segunda Guerra Mundial consolidou sua reputação e recebeu amplos elogios como um esforço para fazer com que os alemães chegassem a um denominador comum sobre o Holocausto.
“Todos nós, culpados ou não, jovens ou velhos, temos de aceitar o passado. Somos todos afetados por suas consequências e responsáveis por ele”, disse Weizsaecker, que serviu como soldado regular no Exército de Hitler. “Qualquer um que feche seus olhos para o passado está cego para o presente.”
“O 8 de maio foi o dia da libertação”, disse ele ao Parlamento da Alemanha Ocidental. “Ele nos libertou a todos do sistema da tirania do nacional-socialismo.”
Weizsaecker foi advogado de defesa adjunto de seu pai, o diplomata de carreira Ernst von Weizsaecker, sentenciado à prisão em Nuremberg por sua atuação durante a guerra como vice-ministro de Defesa durante a era nazista.
Em 1987 ele declarou que não se arrependia de ter defendido o pai, afirmando que “era seu objetivo impedir a guerra” e que ele assumiu o cargo no Ministério da Defesa com esse fim.
Weizsaecker entrou para a União Democrata-Cristã, de centro-direita, em 1954, e autuou no parlamento
federal de 1969 até sua eleição, em 1981, para o cargo de prefeito de Berlim Ocidental, o que colaborou para que assumisse a presidência, três anos mais tarde.
Como chefe de Estado, ele disse que deveria “fazer perguntas, encorajar respostas, mas nunca oferecer uma prescrição”. Como embaixador de uma Alemanha moderna e sofisticada, ele fez 56 visitas de Estado.
Advertindo os alemães contra o ódio e fazendo um apelo à amizade com a União Soviética, Weizsaecker também declarou, em seu discurso de 1985, que os alemães “mantêm o sentimento de que são um único povo”.
Quando a Alemanha Oriental se desintegrou, no final de 1989, Weizsaecker advertiu que os alemães dos dois Estados deveriam ser pacientes para transpor suas diferenças. No ano seguinte, aconselhou os alemães ricos a “unir seus meios, aprendendo a dividir”.
Ele reconheceu que alguns dos vizinhos de seu país estavam preocupados com “um novo poder alemão e com a Alemanha em carreira solo”, mas afirmou que o país estava comprometido em ajudar na integração da Europa e não em dominá-la.
Após a reunificação, ele criticou a emergente extrema-direita e a violência contra os estrangeiros.
Fonte: Associated Press.