Internacional

Ex-presidente do Peru não resiste a tiro na própria cabeça e morre em Lima

O ex-presidente do Peru Alan García cometeu suicídio na manhã desta quarta-feira, 17, com um tiro na cabeça quando policiais chegaram em sua residência, na capital do país, para prendê-lo por conexões com uma investigação sobre suborno no caso relacionado à construtora brasileira Odebrecht, informou seu advogado. Ele chegou a ser levado para um hospital, onde passou por cirurgia, mas não resistiu e morreu, após três horas no centro cirúrgico.

“Esta manhã aconteceu este acidente lamentável: o presidente tomou a decisão de atirar”, disse Erasmo Reyna, o advogado, na entrada do Hospital de Emergências Casimiro Ulloa, em Lima.

O hospital indicou que García, de 69 anos, tinha “um ferimento de bala na cabeça” e chegou a ser operado. Depois, confirmou a morte do ex-presidente por volta das 12h30 (horário de Brasília).

A informação de que o ex-presidente – que comandou o Peru de 1985 a 1990 e de 2006 a 2011 – havia tentado tirar a própria vida foi divulgada mais cedo por fontes policiais que pediram para não ser identificadas.

Imagens de emissoras locais de TV mostraram o filho do ex-presidente e apoiadores chegando ao hospital. A polícia fez um cordão de isolamento para garantir a segurança no local.

Momentos antes, em comunicado, o Ministério da Saúde peruano informou que o ex-presidente tinha um “impacto de bala na cabeça, com entrada e saída” e seu estado de saúde “é delicado e o prognóstico reservado”.

Já o diretor do hospital Casimiro Ulloa, Enrique Gutiérrez, afirmou que o ex-mandatário ingressou na unidade de saúde às 7h17 (9h17, em Brasília) e foi levado direto para a sala de cirurgia. “Em três oportunidades, teve paradas cardiorrespiratórias. Eles ainda passa por intervenção médica.” Ele acabou não resistindo.

Caso Odebrecht

Segundo a ordem judicial obtida pela agência Associated Press, a autorização para prender García foi emitida sob argumento de que o ex-presidente teria recebido US$ 100 mil da Odebrecht pagos de forma disfarçada como o cachê de uma conferência em São Paulo feita em 2012.

Em dezembro, o Uruguai rejeitou o pedido de asilo de García, que buscou proteção no consulado uruguaio em Lima depois de um juiz reter seu passaporte na investigação sobre propinas pagas pela Odebrecht.

Ao negar a solicitação, o presidente uruguaio, Tabaré Vázquez, disse que não havia provas que respaldassem a alegação de García de que era perseguido politicamente pelo atual presidente peruano Martín Vizcarra.

A Odebrecht está no centro do maior escândalo de corrupção na América Latina depois de ter admitido, em acordo assinado em 2016 com o Departamento de Justiça dos EUA, ter pago mais de US$ 800 milhões em propinas em diversos países da região para ser beneficiada em grandes obras de infraestrutura.

No Peru, a empresa disse que pagou US$ 29 milhões entre 2005 e 2014. O caso atingiu também os ex-presidentes peruanos Alejandro Toledo (2001-2006), Ollanta Humala (2011-2016) e Pedro Pablo Kuczynski (2016-2018), todos sob investigação da promotoria.

Na semana passada, a Justiça peruana ordenou a detenção por dez dias de Kuczynski no âmbito de uma investigação por suposto crime de lavagem de dinheiro no caso Odebrecht. COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

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