Mais um jogador brasileiro vai estrear em breve com a camisa de outro país. Há cinco anos no Ludogorets Razgrad, da Bulgária, o lateral-direito Cicinho, ex-Santos e Ponte Preta, acaba de se naturalizar e viverá a emoção de defender pela primeira vez a equipe nacional nesta quinta-feira. Os búlgaros vão entrar em campo na capital, Sofia, diante da Irlanda, pela Liga das Nações da Uefa, com o paraense de 31 anos no elenco.
Revelado pelo Remo, Cicinho se destacou principalmente no futebol paulista pela Ponte Preta e depois pelo Santos, onde foi campeão paulista em 2015. No mesmo ano, o jogador aceitou a proposta de se transferir para a Bulgária e agora, em 2020, colhe os principais resultados desta decisão. Pentacampeão búlgaro pelo Ludogorets Razgrad, o lateral-direito concluiu o processo de naturalização e foi convocado para defender a seleção.
"Como acabei de completar cinco anos no país, posso defender a equipe. É uma honra muito grande para mim representar um país que me recebeu tão bem. Quando tive a chance e fui convocado, não pensei duas vezes em aceitar", contou ao <b>Estadão</b>. O lateral-direito recebeu a chance na seleção da Bulgária dada pelo treinador Georgi Dermendzhiev, o mesmo que o trouxe do futebol brasileiro em 2015. Além de enfrentar a Irlanda, a seleção búlgara encara na sequência o País de Gales, também pela Liga das Nações da Uefa.
A presença de brasileiros em campo por outras seleções é algo bem comum no futebol internacional. Somente na última Copa do Mundo, em 2018, foram seis casos: Thiago Cionek (Polônia), Mário Fernandes (Rússia), Pepe (Portugal) e Thiago Alcântara, Rodrigo e Diego Costa (Espanha). Outros tantos já fizeram o mesmo anteriormente como Deco (Portugal), Wagner Lopes (Japão), Éder e Thiago Motta (Itália) e Paulo Rink, Cacau e Kevin Kuranyi (Alemanha). Pela Bulgária, Cicinho será o quarto brasileiro a defender o país. Antes dele, Marquinhos, Marcelinho e Wanderson tiveram oportunidade.
Cicinho, Marcelinho e Wanderson têm em comum na carreira a passagem pelo Ludogorets Razgrad, clube comandado por um rico empresário búlgaro da indústria farmacêutica e fã do futebol brasileiro. A equipe passou anos na segunda divisão até se transformar em uma potência do futebol local graças à vinda de brasileiros. "O nosso time é muito respeitado na Bulgária. Depois que subiu para a primeira divisão, foram nove títulos em 10 anos", contou o lateral-direito.
Embora não seja totalmente fluente em búlgaro, Cicinho consegue se comunicar com os companheiros e foi bem recebido pelos novos colegas. A maioria do elenco atua no próprio futebol do país. "Eu não enfrentei nenhum tipo de resistência ou preconceito ao ser convocado. Todos me deram os parabéns, porque imaginavam que eu teria chance. Como todo jogador, sempre sonhei em representar uma nação e vou conseguir realizar esse objetivo", disse Cicinho.
O lateral-direito garante já estar bastante adaptado à cultura do país, apesar do frio. Cicinho disse gostar principalmente da segurança e até ficou surpreso anos atrás quando conseguiu encontrar nos supermercados alimentos de que mais sentia falta. "Como sou paraense, sentia falta de tomar açaí. Agora já encontro por aqui nos supermercados. Até que é bom", contou. Outro produto bastante procurado por ele é a carne para churrasco.