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EXCLUSIVO: Mulher atingida por bala perdida durante caminhada no Cecap relata “sensação de pavor”

O tiro que atingiu o antebraço esquerdo de Claudia Poli foi disparado por volta de 8h30 deste domingo, 28, na avenida Ministro Evandro Lins e Silva

“Foi tudo muito rápido. Não deu tempo de ver nada, só de sentir um tranco no meu braço”. A sensação descrita por Claudia Poli, de 58 anos, aconteceu assim que ela foi vítima de uma bala perdida, que atingiu seu antebraço esquerdo, na manhã deste domingo, 28/3, enquanto caminhava em uma pista no Cecap, nas proximidades do condomínio Espírito Santo.

O tiro ocorreu por volta de 8h30 na avenida Ministro Evandro Lins e Silva. Claudia caminhava com amigos, quando sentiu um impulso no braço. “Não senti dor. Primeiro escutei o barulho do tiro, olhei meu braço e vi que tinha sido atingida. Saí correndo abaixada achando que poderia vir mais. Não sabia o que estava acontecendo, porque estava de costas”, afirma, ao GuarulhosWeb, a auxiliar de odontologia, que trabalha na UBS Cambará, no Continental II.

“A sensação é de pavor no primeiro momento. Você não lembra nem que está com dor, sangrando. Você só tem medo. Todo mundo gritando ‘tiro, tiro’. O pessoal saiu correndo e eu fui segurando meu braço pra estancar o sangue e correndo para o hospital, ali pertinho”, completa Claudia, que estava a poucos metros do Hospital Geral de Guarulhos, onde foi atendida. Na unidade de saúde, ela passou por um pequeno procedimento cirúrgico para a emoção do fragmento da munição. Em pouco mais de duas horas, a mulher foi liberada.

Claudia – que chegou a tirar fotos momentos antes de ser atingida – faz caminhada na pista há cerca de três anos e sempre se sentiu segura no local que, segundo ela, é bem observado por policiais. Entretanto, ela ainda não está totalmente recuperada do susto. “Eu estou com muito medo. O pouco que saio na rua, já tenho a sensação de pavor, de que alguma coisa vai acontecer. Tenho uma prima que está me ajudando com relação a isso, porque tem alguns amigos que são psicólogos. É preocupante, porque você sai numa boa, pra relaxar da tensão do dia a dia, de um trabalho tenso na área da saúde e, do nada, acontece isso. Ainda estou bem abalada psicologicamente”, relata.

Caçadores de capivara?

A hipótese levantada nas redes sociais foi descartada por fontes ouvidas pelo GuarulhosWeb. Além de Claudia, que frequenta a região há anos, nunca ter visto um caçador ou sequer uma capivara, a munição que a atingiu, guardada por ela após “presente” do médico que a removeu, dificilmente seria utilizada para a atividade.

A bala que atravessou o braço de Claudia é, possivelmente, de um fuzil 556, dificilmente utilizada para essa atividade, sobretudo em meio à cidade, em um local extremamente movimentado. Outras duas situações rechaçam a hipótese. Primeiro, a alguns quilômetros do Cecap, fica o Parque Ecológico do Tietê, mais frequentado por capivaras, portanto, mais assertivo para a caça. Segundo, por que algum caçador atiraria em um local sem a presença dos animais, tão habitado e próximo do Batalhão da Polícia Militar e da Base Aérea? São áreas com presença frequente de agentes de segurança e, diante da proibição da prática – considera crime ambiental – o infrator estaria correndo risco de ser preso imediatamente.

A reportagem entrou em contato com a Polícia Militar, que confirmou o incidente. A Secretaria de Segurança Pública, contudo, não encontrou Boletim de Ocorrência do caso.

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