Zoraide Vidal perdeu a filha policial civil, Ludmila, quando ela tinha 24 anos. Na corporação havia quatro anos, ela acabara de descobrir que estava grávida do primeiro filho. Mas isso não foi suficiente para comover os bandidos: em 2006, a levaram para uma favela de Magé, na Grande Rio, onde a torturaram até a morte. Depois, incendiaram o corpo dentro de um carro.
Segundo Zoraide, a filha vinha sendo ameaçada. “Ela pediu para não morrer porque estava grávida. Para você ver a destruição que fizeram: era uma mulher de 1,78 m. Só conseguimos um saco de supermercado de ossos carbonizados. Eles não se conformaram em matar. Ainda tacaram fogo no corpo.”
A dor a fez criar a Associação Mãe de Polícia, que busca apoio para famílias que perderam os agentes. A queixa sobre o descaso do governo foi reforçada um ano após o crime. Ela recebeu cartão de aniversário do Estado com foto do então governador, Sérgio Cabral (PMDB), sorridente, dando parabéns à servidora morta. “Para ver que não têm controle do que acontece com os policiais mesmo.”
Aletéia Calazans, viúva de policial morto em 2013, também critica. “O Estado faz cursos para policiais para substituir os mortos, mas se esquecem os que já se foram e das famílias.”
Riscos
Samira Bueno, do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, destaca os riscos de o policial trabalhar sob pressão. “Significa que vai errar mais. E vai acabar usando força letal contra o agressor mais vezes porque sabe que também poderá ser morto. É uma espiral da violência.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.